Depois de criticar em discurso na Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul, a invasão de uma fazenda em Rio Brilhante, manifesto tocado semana passada, por índios guarani-kaiowá, deputado estadual José Orcírio dos Santos, o Zeca do PT, tem recebido duras críticas, inclusive por correligionários petistas.
A desaprovação à fala de Zeca foi reforçada na tarde deste domingo (12) depois da divulgação de material que diz que o ex-governador de MS classificou de “irresponsabilidade” o fato do secretário-executivo do Ministério dos Povos Indígenas, Eloy Terena ter apoiado o ato comandado por indígenas, em Rio Brilhante.
No meio da arde deste domingo, o Setorial Indígena do PT de Dourados divulgou uma nota de repúdio “ao discurso de Zeca do PT”.
“Esse tipo de fala incita e ajuda a aumentar violentos discursos de ódio contra os povos indígenas na luta pela retomada dos territórios tradicionais. A postura de Zeca “do PT” [aspas é da nota], tão bem votado pelos povos indígenas do MS, causa tristeza e revolta porque acreditávamos ter nele confiança, apoio e respeito pela nossa luta”, diz trecho da nota de repúdio ao deputado petista, que governou MS por dois mandatos.
O comunicado encaminhado à imprensa diz, também: “Esperávamos que ao utilizar a tribuna da Assembleia Legislativa, lugar que nos exclui e que não há um parente [indígena] para nos defender, Zeca se pronunciasse para defender a nós, minoria abandonada à própria sorte! ‘Essa gente’, como se refere o senhor deputado, esperava uma proposta de solução e não um discurso anticonstitucional”.
O grupo de indigenista do PT de Dourados conclui a nota pedindo uma reparação do parlamentar.
“Assim, nós, indígenas filiados e filiadas ao PT, esperamos um posicionamento da executiva municipal e estadual sobre essa conduta bem como uma retratação de Zeca que, se quer continuar a ser Zeca do PT assuma posições históricas do partido das trabalhadoras e trabalhadores na defesa dos direitos constitucionais”.
Zeca do PT argumentou em seu protesto contra a invasão que a fazenda em questão, a do Inho, de 300 hectares, não é parte de estudo antropológico, portanto, não seria uma terra indígena. E produtiva, já que lá há lavouras de soja e milho.
Já o Cimi, Conselho Indigenista Missionário, entidade ligada à Igreja Católica e que defende a causa dos índios, informou ao Correio do Estado que a fazenda ocupada é parte da pesquisa antropológica desde 2007.
Fonte: Correio do Estado - Imagem ilustrativa.