Foi excluído das fileiras da Polícia Militar de Mato Grosso do Sul, o subtenente Silvio César Molina Azevedo. Ele foi denunciado em 2022 por sessão de tortura quando em 2017 ‘caçava’ os assassinos do filho, Jefferson Piovezan Azevedo Molina, de 25 anos. O subtenente foi alvo da 'Operação Laços de Família'.
Molina foi excluído ex-officio a ‘bem da disciplina’ e sua exclusão publicada em Diário Oficial desta segunda-feira (13). A exclusão foi assinada pela comandante da PMMS, Renato dos Anjos Garnes. Ele foi excluído pelos crimes, "com fulcro no § 1º do Art 46, inciso III do Art. 113, Art. 114 e a primeira parte do Art 115, tudo da Lei Complementar nº 053, de 30 de agosto de 1990 (Estatuto da PMMS) e mais o disposto no Art 13, inciso IV, alínea “a)” do Decreto 1.261/81, mais o § 2º do Art 31 do RDPM, aprovado através do Decreto nº 1260, de 02 Out 81.”
Denuncia por tortura
A denúncia foi apresentada pelo MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) no dia 8 de agosto de 2022, após o processo inicial de 2020 ser desmembrado. No entanto, é esclarecido que o irmão Márcio André Molina Azevedo, policial civil preso na Operação Codicia, também participou da sessão de tortura.
Assim, é relatado que o subtenente Molina passou a ‘investigar’ o assassinato do filho, que aconteceu em junho de 2017, na frente de uma lanchonete. No dia 15 de julho daquele ano, ele teria junto com o irmão e uma terceira pessoa abordado os dois homens que estavam em uma motocicleta.
Laços de Família
Ao todo foram 15 denunciados após a operação, todos condenados em dezembro de 2021 pelo juiz federal Bruno Cezar da Cunha Teixeira, da 3ª Vara Federal de Campo Grande. As penas variam de 3 a 61 anos de prisão, pela prática de tráfico de drogas, ocultação de bens e associação criminosa. A sentença determinou, ainda, pagamento de multas e perda de bens.
O subtenente Silvio Molina foi condenado a 61 anos, 11 meses e 21 dias de reclusão, além do pagamento de 6.576 dias-multa. O filho do PM, Jefferson, ainda operava como líder operacional, mas faleceu em uma emboscada preparada por rivais. Segundo a investigação, a sede da quadrilha ficava em Mundo Novo, onde o grupo atuava de forma semelhante à máfia: os chefes da organização eram da mesma família e tinham estreita ligação com o PCC.
Além do subtenente, os ‘gerentes’ da organização também receberam penas maiores. Eles tinham como função organizar os motoristas que transportariam as cargas. As penas para os gerentes variam de 20 a 31 anos de prisão. De acordo com a decisão da Justiça, a família envolvida na organização tinha papel decisivo ao liderar o esquema e evitava se relacionar com intermediários e gerentes.
As informações são de que os executores das ordens praticamente não tinham contato direto com a cúpula e privilegiavam encontros pessoais com intermediários. “Todos eram descritos como armados e violentos, tendo promovido uma guerra entre facções locais de Mundo Novo, culminando em perseguições, torturas e assassinatos de rivais”, diz a sentença.