Apesar do aumento do uso de fertilizantes nitrogenados para produção de cereais no Brasil nas últimas décadas, a eficiência desse uso é baixa para os padrões de países da América Latina. É o que aponta um estudo da Universidade Federal de Viçosa (UFV) publicado nesta sexta-feira (5) no periódico científico “Brazilian Journal of Biology”.
Os pesquisadores reuniram dados do IBGE, da Associação Nacional para difusão de Adubos (ANDA) e da Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB) sobre o preço de fertilizantes nitrogenados utilizados no cultivo de sete tipos de cereais: arroz, aveia, centeio, cevada, milho, trigo e sorgo. Eles também levantaram informações sobre consumo destes fertilizantes entre 1994 e 2018. Usando fórmulas estatísticas e cruzando com mais dados sobre emissões de óxido nitroso, eles observaram as consequências do aumento da demanda dos fertilizantes.
Segundo Elizângela Santos, uma das autoras do estudo e atualmente professora e pesquisadora da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM) Campus Unaí, a crescente busca pelos fertilizantes está relacionada ao aumento populacional nas últimas décadas.
“Os produtores rurais têm que aumentar sua produção e isso se faz aumentando a área de plantio ou aplicando fertilizantes”, observa.
O insumo, no entanto, deve ser utilizado de forma adequada para apresentar os resultados positivos esperados.
“Não adianta aplicar doses crescentes, porque elas não vão aumentar a produção dos cereais. Isso pode até intoxicar as plantas, e os produtores vão apenas perder dinheiro”, aponta Santos.
Outra consequência importante do uso exagerado de fertilizantes é o aumento de emissões de gases de efeito estufa. “Se não utilizarmos essas ferramentas de forma adequada, nossas emissões podem ser ainda maiores”, comenta.
A melhor forma de aplicar fertilizantes nitrogenados em uma produção, de acordo com as observações de Santos, é usar a dose adequada combinada com os nutrientes corretos. Outra saída para melhorar a eficiência da produção alimentar seria o uso de fertilizantes orgânicos ao invés de sintéticos, ou optar por práticas mais sustentáveis de produção.
“Muitos produtores ficam à mercê de vendedores que transmitem informações incompletas ou equivocadas; é preciso ter uma assistência técnica eficiente para adquirir fertilizantes”, diz a pesquisadora.
Santos considera que esse tipo de análise sobre consumo mais sustentável de insumos agrícolas ainda é pouco explorado na sua área de atuação e espera que seu artigo fomente o debate dentro da economia agrícola e ambiental.
Fonte: Agência Bori.