Utilizar informações nutricionais qualitativas, como listas de ingredientes, mensagens positivas e símbolos para apontar preparações culinárias mais saudáveis em restaurantes e outros serviços de alimentação em ambiente universitário aumenta a escolha desses alimentos, segundo pesquisa publicada nesta quarta-feira (10) na revista “Nutrition Bulletin”. O estudo, feito por pesquisadoras da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), mostra que o uso destas estratégias em serviços de alimentação em ambiente universitário aumenta a escolha por frutas, verduras, legumes e alimentos integrais.
As pesquisadoras analisaram 11 estudos, publicados mundialmente, entre 2015 e 2022, sobre informação nutricional de preparações culinárias em ambientes universitários. A partir da revisão sistemática dos resultados destes estudos, as autoras identificaram que dentre os modelos de informação nutricional qualitativa testados, os modelos de símbolos, sozinhos ou associados a outras estratégias, como exemplo, lista de ingredientes, funcionaram mais que os modelos de semáforo nutricional ou de mensagens textuais indicando alguma característica das preparações, como ingredientes orgânicos, para promover escolhas alimentares saudáveis.
Umas das justificativas para o estudo de informações nutricionais em ambiente universitário é o período de transição que os jovens passam ao ingressarem na universidade, deixando de se alimentar na casa dos pais e passando a ser responsáveis pela própria alimentação. Com isso, os jovens frequentemente mantêm uma alimentação pouco balanceada e a maioria consome menos vegetais do que o recomendado por especialistas.
Nesse sentido, a inclusão desses tipos de informação nutricional nos serviços de alimentação pode ser benéfica. “Para quem trabalha no planejamento desses ambientes, os resultados do estudo são uma forma de orientar qual modelo de informação disponibilizar ao público, visando a promoção de escolhas alimentares mais saudáveis”, complementa Natalia Fogolari, a autora principal do estudo.
Segundo Fogolari, os resultados não são necessariamente surpreendentes para o grupo de pesquisa, que estuda essa temática desde 2012, mas têm potencial de alterar políticas vigentes. “Estudos de revisão sistemática representam o nível mais alto na pirâmide de evidências científicas, pois seguem um método criterioso de seleção e avaliação de qualidade de estudos e análise conjunta de todos os resultados encontrados. Por isso, podem subsidiar a elaboração de recomendações para criação de políticas públicas”, afirma a nutricionista e mestranda em Nutrição na UFSC.
Esse é o primeiro artigo científico a revisar a literatura sobre informação nutricional em restaurantes na busca por evidências científicas sobre a real influência de informações não numéricas nas escolhas alimentares em ambiente universitário. A pesquisa faz parte de uma série de outros estudos sobre o assunto que o Núcleo de Pesquisa de Nutrição em Produção de Refeições (NUPPRE) realiza desde 2012. Fonte: Agência Bori