No dia 26 de agosto de 2023, no município de Ji-Paraná – RO, aconteceu o baile da Rainha da 41° Exposição Agropecuária, Comercial e Industrial de Ji-Paraná (Expojipa). A vencedora do título de Madrinha, Ana Kelle de Jesus Moura, 22 anos, após sua vitória vem sofrendo com a não aceitação do título e recebendo mensagem de teor racista em seu direct no Instagram.
No dia 29 de agosto de 2023, Ana Kelle ao abrir seu direct no seu Instagram pela manhã, teve o susto de ler a seguinte mensagem:
“Para de se achar um pouco fia deus me livre, macaca feia, horrorosa, se acha demais ridícula”.
No mesmo momento, Ana relata que caiu no choro e passou a questionar Deus:
“Porque eu não sou merecedora Deus, eu errei em não conseguir tocar o berrante mas dei o meu melhor e tive notas ótimas nos outros requisitos para alcançar o título. Porque eu não sou padrão, será que sempre vão falar da minha pele e julgar-me?”
Foram tantas perguntas ao meio das lágrimas e dor no peito.
Ana Kelle não está sozinha, não vamos aceitar tal ato de discriminação, as medidas jurídicas já foram tomadas e contamos com vocês, para se juntar a nós em busca de ser uma rede de apoio a essa menina que tem muito a crescer, não vamos deixar que esse racismo no qual está vivenciando a silencie e a faça desistir de seus sonhos.
Conheça um pouco da história de Anna Kelle
Natural do Acre, que veio para Rondônia em 2009, com a mãe, tem um irmão de 21 anos. Ambos órfãos de pai e mãe. Ana relata que perdeu o pai há 9 anos e a mãe há 2 anos. Desde de muito nova aprendeu a ser independente, e isso a faz o que é hoje: uma mulher independente, dedicada, trabalhadora, cheia de sonhos e propósitos. Não possui nenhum outro membro familiar, além do irmão, no município de Ji-paraná, onde a mesma reside.
A madrinha da Expojipa relata:
“Tenho orgulho da minha trajetória, da minha cor e de quem eu sou, batalho honestamente todos os dias para me manter como sou, não vou negar para vocês... pensei em desistir várias e várias vezes, por sentir a falta da família (mãe e pai) comigo. Quem me conhece pessoalmente sabe a minha paixão pela vida, que eu amo conversar, dançar, sorrir e afins. Só quero que tudo isso passe, e eu possa de fato vivenciar minha vitória”. Declarou
A coordenadora do Núcleo Étnico-raciais do Banzeiro da Amazônia Daiane Ferreira ressalta que:
“O racismo estrutural é um conjunto de práticas, hábitos, situações e falas presentes no dia a dia da população que promove o preconceito racial. Lei 7.716 Tornou o racismo crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão”. Afirmou.
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Fonte: Daiane Ferreira - Psicóloga e coordenadora do Núcleo Étnico-raciais do Banzeiro da Amazônia.