Fuvio Luziano Serafim (PL-MG), de 44 anos, é ex-prefeito de Catuji (2012-2020), em Minas Gerais, e conhecido pelo eleitorado como um ferrenho apoiador do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e de suas ideologias conservadoras.
Nas redes sociais, costuma usar sua popularidade em defesa do "cidadão de bem" e dos "valores da família". Só que todo esse discurso era de mais um falso moralista.
Neste domingo (3), o bolsonarista foi preso e acusado pela Polícia Civil do Espírito Santo de ter matado a própria esposa, a médica Juliana Pimenta Ruas El-Aouar, de 39 anos.
O casal estava em viagem ao município de Colatina, às margens do Rio Doce, no Espírito Santo, quando a médica foi encontrada morta - com marcas de tortura - no quarto do hotel onde os dois estavam hospedados. O motorista do casal, Robson Gonçalves dos Santos, de 52 anos, é acusado pela polícia de ter auxiliado Fuvio no homicídio e estava hospedado em um quarto ao lado.
De acordo com o boletim de ocorrência, o cenário encontrado pelos peritos no hotel onde aconteceu o crime foi o quarto todo revirado, sangue nas roupas de cama e Juliana toda machucada. Consta também que os peritos encontraram vidros de remédios quebrados e a janela do quarto aberta, o que levou os profissionais a verificaram se os medicamentos haviam sido jogados para fora do espaço.
Os peritos encontraram, então, um medicamento de uso controlado, indicado como agente anestésico único para procedimentos cirúrgicos e diagnósticos que não necessitem de relaxamento muscular esquelético no estacionamento do hotel, exatamente embaixo do quarto do casal.
A declaração de óbito expedida pelo Serviço Médico Legal (SML) aponta que Juliana morreu em decorrência de: traumatismo cranioencefálico (lesão física ao tecido cerebral que, temporária ou permanentemente, incapacita a função cerebral); broncoaspiração (entrada de substâncias estranhas, tais como alimentos e saliva, na via respiratória); hipoxemia (baixa concentração de oxigênio no sangue); e asfixia mecânica.
Em outras palavras, são grandes as chances de que a vítima tenha recebido pancadas na cabeça que afetaram seu crânio e cérebro e foi enforcada.
Chegando ao hotel, a Polícia Militar conversou com o gerente. De acordo com seu relato, outros hóspedes reclamaram de barulhos vindos do quarto de Fuvio durante a madrugada de sexta (1) para sábado (2). Na manhã seguinte, o ex-prefeito apareceu inquieto na recepção, pedindo para fechar a conta, pois, a esposa tinha passado mal e desmaiado.
Nesse momento, uma ambulância foi chamada e constatou a morte da médica ao chegar ao hotel e examiná-la.
Versões diferentes
À polícia, Fuvio afirmou que a esposa teria passado por uma cirurgia na sexta-feira (1º) e, logo em seguida, foram jantar em uma churrascaria. Após a janta, voltaram para hotel, onde, segundo ele, dormiram por volta das 20h.
O marido da médica ainda relatou que, quando acordou por volta de 8h de sábado, encontrou a esposa desmaiada na cama, possivelmente já morta, e foi orientado pelo Samu a colocá-la no chão do quarto para tentar reanimá-la.
Em contrapartida, ainda segundo o boletim de ocorrência, o motorista do casal relatou uma versão diferente, no qual teria sido chamado pelo marido de Juliana para ir ao quarto onde os dois estavam hospedados, pois a média havia caído no banheiro e precisava de ajuda.
Segundo a Polícia Militar, o marido da mulher e o motorista do casal foram encaminhados à Delegacia Regional de Colatina.
Prisão em flagrante
A Polícia Civil confirma que os dois homens foram presos em flagrante. O marido de Juliana, Fulvio Luziano Serafim, foi autuado por homicídio qualificado por motivo torpe mediante recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido, cometido contra a mulher por razões da condição de sexo feminino (feminicidio).
Já o motorista do casal, Robson Gonçalves dos Santos, foi autuado em flagrante por homicídio qualificado por motivo torpe mediante recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido.
Os dois homens foram encaminhados ao sistema prisional do Espírito Santo.
Histórico de agressões
O pai da vítima, Samir El-Aouar, esteve no velório e sepultamento da filha, neste domingo, no município mineiro de Teófilo Otoni. Ele é ex-prefeito e ex-vereador do município, onde também atua como médico e cirurgião.
Emocionado, Samir disse que a filha foi torturada até a morte. O pai de Juliana disse ainda que a filha estava vivendo um relacionamento conturbado há algum tempo.
"Ele [Fuvio] já vinha batendo nela algumas vezes, dizendo que ela tinha caído dentro de casa, todo dia um olho roxo, uma cicatriz de sete centímetros na região frontal. Tudo isso já vinha acontecendo e ela querendo sair do casamento, e ele ameaçando para ela não sair, ele não aceitava a separação", explicou Samir.
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