O isolamento social é uma das principais ferramentas utilizadas para combater a infecção do coronavírus durante a pandemia, mas para os pais e mães de crianças e adolescentes com autismo, o desafio tem sido dobrado. O 2 de abril foi declarado pelas Organização das Nações Unidas (ONU) como o Dia Mundial da Conscientização do Autismo. O G1 conversou algumas mães, que compartilharam as experiências vividas no primeiro ano de pandemia.
Em abril de 2020, a reportagem conversou com Eliane Guatel, que é mãe da Maria Eduarda de nove anos, que foi diagnosticada com o autismo aos três. Um ano depois, ela conta que após 12 meses do início da pandemia, percebeu que Duda teve uma regressão no desempenho.
"Duda faz acompanhamentos terapêuticos (fonoaudiologia e terapia ocupacional) e escolar desde os 3 anos de idade, e com esse ano sem os atendimentos, regrediu muito".
Duda não fala e, de acordo com a mãe, não consegue ficar muito tempo com a máscara de proteção, o que aumenta ainda mais o medo da família da criança ser infectada pelo vírus.
"Confesso que têm sido dias difíceis. Porque você precisa aceitar que seu filho está mal, precisa do atendimento, mas você não pode levar. Então, o coração de mãe não aguenta".
A esperança, ressalta Eliane, é de ver o dia em que a Duda será vacinada contra a Covid-19.
"Temos adaptado os dias e vivendo um de cada vez, com a esperança que logo a vacina chegue para todos e tudo volte ao normal".
Por conta da situação atual da pandemia no estado, Duda tem feito apenas as aulas de equoterapia uma vez por semana.
Muriely Moitinho, que é mãe do pequeno Heitor de 6 anos, tem um grupo de apoio a mães com filhos autistas chamado "Mães Coragem". Algumas das integrantes desse grupo compartilharam como está sendo a experiência com as crianças e adolescentes neste primeiro ano de pandemia em Rondônia.
"A experiência escolar remota foi nossa luta diária durante o ano de 2020. A pandemia acarretou muitas perdas cognitivas além de regressão em algumas situações já vencidas. Passar por tudo isso foi uma tarefa difícil, mas com muito amor e dedicação foi possível vencer. Acompanhar ainda mais de perto a aprendizagem do meu filho me fez descobrir que o meu limite vai além da minha dedicação! Que Deus a cada dia nos capacita para fazer o melhor de nós mesmos", afirma Alessandra Muniz, mãe do Davi Miguel .
"Somos mães com dificuldades diversas e mais ainda com a pandemia! É um desafio ainda bem grandioso "o ficar em casa"", desabafa Nice Hifran, mãe do Christopher Hifran.
"Tivemos altos e baixos, as vezes os baixos foram maiores, mas, com o tempo a gente aprende que as pequenas vitórias são mais importantes", afirma Josy Brandão, mãe da pequena Ana Lucy.
"Com a pandemia tudo é muito incerto e a desesperança bate mais forte, pois temos que ser professora e terapeuta ao mesmo tempo! Já fazíamos isso em casa porém agora está tudo mais acentuado!", explica Muriely Moitinho, mãe do Heitor.
“Em tempos de distanciamento social, quando você ouve que o ficar em casa soa com tristeza, para mim foi um reencontro com a minha filha, de conhecê-la melhor, de entender o sentido da verdadeira necessidade de experimentar cada aprendizado de uma forma incrível e única, com dias de amor, de dor e de autoconhecimento", fala Joseandra Reis mãe da Alicia.