19/04/2021 às 06h38min - Atualizada em 19/04/2021 às 06h38min

Caso Ari Uru-Eu-Wau-Wau: 1 ano depois, polícia não achou quem matou e nem o mandante do crime

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Na manhã de 18 de abril de 2020, o indígena Ari Uru-Eu-Wau-Wau, de 34 anos, foi encontrado morto na Linha 625 de Tarilândia, distrito de Jaru (RO). O corpo estava de um lado da via enquanto sua moto preta e sem placa estava do outro lado.

O caso completou um ano ontem (18) sem que se conheça o autor do crime. Segundo o site eletrônico G1, a Polícia Civil de Jaru diz que abriu pelo menos quatro linhas de investigação. Parentes, amigos e ambientalistas querem a federalização do caso.

Ari Uru-Eu-Wau-Wau trabalhava registrando e denunciando extrações ilegais de madeira dentro da aldeia, pois fazia parte do grupo de vigilância do povo indígena Uru-Eu-Wau-Wau. Ele foi morto durante a noite de 17 de abril e o corpo encontrado na manhã seguinte, com sinais de lesão contundente na região do pescoço que ocasionou uma hemorragia aguda.

Populares que passavam pela Linha acionaram a Polícia Militar de Tarilândia, que seguiu até o local, isolou em parte o perímetro e em seguida acionou a Polícia Civil e Polícia Técnico-Científica. Nesse momento começou a investigação.

Ambientalistas e indigenistas iniciaram na última semana um protesto em Rondônia pedindo respostas sobre a morte de Ari. Foram espalhados outdoors em Porto Velho, em Ariquemes, Buritis, Jaru, Ji-Paraná, Cacoal, Pimenta Bueno e Vilhena com a pergunta: "Quem matou Ari Uru-Eu-Wau-Wau?"

 

-Wau?" 

Outdoors foram espalhados em Rondônia com a pergunta: "Quem matou Ari Uru-Eu-Wau-Wau?" — Foto: Kanindé/Reprodução/Redes Sociais

Outdoors foram espalhados em Rondônia com a pergunta: "Quem matou Ari Uru-Eu-Wau-Wau?" — Foto: Kanindé/Reprodução/Redes Sociais

Outdoors foram espalhados em Rondônia com a pergunta: "Quem matou Ari Uru-Eu-Wau-Wau?" — Foto: Kanindé/Reprodução/Redes Sociais

Atualmente, a família continua ameaçada e afirma que as invasões de grilagem aumentaram na região. Além disso, alguns parentes foram infectados pela Covid-19 por causa de brancos que levaram o vírus para o entorno da aldeia.

No local do crime a Polícia Civil verificou que o corpo da vítima e a moto não tinham sinais de impacto e atrito com o solo ou marcas de um tombamento, por isso foi descartada a possibilidade de algum acidente de trânsito. 

"Em seguida iniciamos buscas no perímetro, na tentativa de encontrar objetos físicos que propiciassem a identificação do assassinato. Contudo não encontraram fragmentos de digitais ou DNA do assassino, tampouco foi encontrada a arma do crime ou qualquer elemento que possibilitasse sua identificação", explicou o delegado de Polícia Civil, Salomão de Matos, um dos responsáveis pelo caso.

Nos dias seguintes os agentes entrevistaram moradores da região, mas não conseguiram identificar testemunhas presenciais do crime ou pessoas que tivessem conhecimento da autoria e motivação do assassinato.

Na época, um fato que chamou a atenção dos investigadores foi a vítima ter sido encontrada com um aparelho celular e um canivete juntos ao corpo, enquanto sua moto estava do outro lado da via e em pé.

"Fatores indicativos de que não se trata de crime patrimonial, além de ser provável que a vítima conhecia o assassino e parou para interagir quando sofreu o ataque", lembra o delegado.

No dia 21 de abril do ano passado, a equipe da Polícia Civil esteve na aldeia indígena da Linha 621, onde Ari morava. No local conversaram com o cacique e a viúva, e abriram duas linhas investigativas a partir das informações coletadas.

A primeira é que o homicídio poderia ter sido uma retaliação de homens brancos, pois Ari fazia parte do grupo de vigilância e patrulha pelas terras da Reserva Indígena Uru Eu-Wau-Wau, protegendo o local da invasão de madeireiros, pescadores, caçadores e garimpeiros. 

Um ano depois, a polícia diz que não tem nomes concretos das pessoas suspeitas de invadir as terras indígenas para explorar os recursos naturais e que tenham feito ameaças aos vigilantes.

A outra hipótese indicava que Ari foi ofendido e agredido por um homem em um bar do distrito de Tarilândia, meses antes do crime. A polícia localizou o suspeito envolvido nessa briga, mas não surgiram fortes indícios do envolvimento desse homem no assassinato.

Adiante foi aberta uma terceira linha de investigação que teria conexão com um crime de atribuição da PF. "Por conta desta informação, compartilhamos alguns elementos colhidos com a Polícia Federal. E surgiram mais algumas informações mostrando que ela é plausível", disse o delegado.

Em paralelo um quarto rumo investigativo foi tomado depois da quebra do sigilo telefônico da vítima. De acordo com os policiais, essa quarta linha relacionava uma mulher ao assassinato, porém não se sabe a motivação.

"Seguimos colhendo informações, representamos por busca e apreensão em diversos locais. Destas, até logramos êxito em apreender uma arma de fogo e cartuchos, resultando na prisão em flagrante e abertura de inquérito. Houve pagamento de fiança e liberdade da infratora, contudo esta pessoa, arma e munições não tem relação com o ocorrido, só que propiciou descobrir quem efetivamente encontrou o corpo da vítima e o acionamento da Polícia Militar", comentou o delegado Salomão.

Atualmente, a Polícia Civil de Jaru entende que o crime foi praticado em conexão com um crime federal, e portanto o caso de Ari foi relatado com a sugestão de declinação de competência para a Justiça Federal.

Ambientalistas entrevistados pelo G1 afirmaram que o caso deveria ter sido repassado à PF desde o começo. Fonte G1 

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