17/01/2024 às 22h32min - Atualizada em 17/01/2024 às 22h32min
O que é compulsão alimentar? Entenda transtorno enfrentado por Yasmin Brunet no BBB 24 na visão de uma especialista
Lorrayne Cella Silva é psicóloga especializada em Comportamento Alimentar e Transtornos Alimentares
Gazeta Rondônia
Mais de 20 pessoas seguem confinadas na “casa mais vigiada do Brasil” para a edição do BBB 24. No grupo Camarote, está a modelo e atriz Yasmin Brunet. Antes mesmo do programa, a filha de Luiza Brunet já relatou ter experiências com transtornos alimentares: doenças caracterizadas por hábitos irregulares de alimentação, além de grande preocupação com o peso, forma do corpo e ingestão de alimentos. Entre eles, a compulsão alimentar, que tem afetado a vida de Yasmin no confinamento.
“Estou há dias, me sentindo cheia e vazia ao mesmo tempo”, descreveu Yasmin sobre os episódios de compulsão que tem enfrentado no BBB 24, todos eles televisionados durante o reality. Conforme a psicóloga especializada em Comportamento Alimentar e Transtornos Alimentares, Lorrayne Cella Silva, que analisou o caso para a Itatiaia, situações como a da modelo alertam para o uso da comida como uma forma de regular as emoções. “Eu voltei a ter compulsão alimentar, cara. Olha o tanto que eu tô comendo, descontroladamente. Estou passando mal, digo, me sentindo horrível depois, porque eu não me vejo comendo, eu inalo a comida. Acho que nem mastigo. (...) Eu estou falando sério. É como se eu abrisse um lixo e jogasse [a comida] dentro. Depois, eu me sinto uma merda”, relatou Yasmin durante o programa.
O que é compulsão alimentar?
Os episódios de compulsão alimentar, como os vivenciados pela modelo, tratam da ingestão excessiva de comida, mesmo na ausência de fome. "É acompanhado por uma sensação de perda de controle. Um sentimento de não conseguir parar ou controlar o que e quanto se está comendo”, descreveu a psicóloga capacitada no tratamento de transtornos alimentares.
A compulsão, no entanto, não deve ser confundida com refeições irregulares.
“Um episódio de compulsão é caracterizado pela ingestão de uma quantidade maior do que a maioria das pessoas comeria no mesmo período, em circunstâncias semelhantes. Lanches em pequenas quantidades, as famosas beliscadas, não consideradas compulsão alimentar”, esclareceu sobre o transtorno.
Para o caso de Yasmin Brunet, o confinamento e a situação de estresse causados pelo reality têm grande influência.
“Ela está inserida em um ambiente que foi milimetricamente planejado para desestabilizar emocionalmente os participantes, então ela provavelmente está vivenciando um estresse emocional acima dos parâmetros normais”, definiu Lorrayne ao analisar a vivência da modelo.
Repreendida e até mesmo ridicularizada por colegas de confinamento, a modelo prometeu que iria “se conter”. A contenção encontrada por ela foi um hábito, ou melhor, um vício antigo: os cigarros. Yasmin admitiu que estava “com vergonha” e se “sentindo uma fracassada” por querer voltar a fumar para amenizar os episódios de compulsão. Pouco depois, a sister apareceu fumando cigarros brancos, permitidos dentro do programa.
Comentários sobre o transtorno pioram situação
Rodriguinho, também confinado, já fez uma série de comentários sobre os hábitos alimentares da modelo, além do corpo e aparência dela. O brother aproveitou algumas ocasiões para repreender o comportamento de Yasmin. “Você comeu dois pacotes de bolacha com requeijão, igual pipoca. Se você continuar com essa compulsão aí, você vai sair rolando aqui da casa”, disse o pagodeiro, acusado pela influenciadora de causar um “gatilho” do transtorno alimentar.
A psicóloga Lorrayne Cella Silva explica que a abordagem só piora o quadro da compulsão e pode engatilhar novos episódios.
“A pessoa que sofre ou já sofreu com a compulsão alimentar já se cobra de maneira excessiva para controlar a própria alimentação e para não engordar. Quando isso é enfatizado por outras pessoas, como tem sido feito dentro da casa, é só intensifica mais ainda o desconforto e o sofrimento emocional”, destacou.
A especialista ainda dá uma “dica” para auxiliar pessoas que enfrentam compulsões: “A forma ideal é não comentar jamais sobre o corpo ou comportamento alimentar de outra pessoa, principalmente de forma vexatória, como tem sido feito”. Mas, o que deve ser feito em casos de compulsão alimentar e outros transtornos ligados à alimentação? Tratamento médico e psicológico.
“Para auxiliar na melhora da compulsão, em determinados casos será indicado uma equipe multidisciplinar, com psicóloga, nutricionista, psiquiatra e educador físico, de preferência todos capacitados em transtornos alimentares”, explicou Lorrayne. Apesar do tratamento não ser garantia de cura do transtorno, a ideia é que haja uma remissão parcial ou total dos sintomas.
“Os sintomas têm geralmente a tendência de diminuírem ao longo do tempo do tratamento, trazendo de volta a qualidade de vida. Não é possível garantir que eles nunca mais apareçam. Existe a possibilidade deles retornarem em algum momento futuramente, porém é boa notícia é que com o tratamento correto você também aprende a lidar com possíveis recaídas”, encerrou a psicóloga.
Lorrayne Cella Silva é Psicóloga Clínica - CRP/14 09261-8 - Auxilia pessoas a conquistarem uma relação mais saudável com a comida e com o próprio corpo - Terapia Cognitiva e Comportamental - Psicoterapia OnLine com atendimento para todo o Brasil - Contatos: WhatsApp - Instagram: @lorrayne.psi
Fonte: Maria Clara Lacerda/Itatiaia.