Os preços do cacau seguem em trajetória ascendente na bolsa de Nova York e por mais uma sessão bateram recorde. Nesta quinta-feira (21/3), os lotes para maio fecharam em alta de 2,82%, cotados a US$ 8.559 a tonelada.
Ainda há problemas nas colheitas de cacau na Costa do Marfim e Gana, onde os relatos dão conta que os dois países estariam com dificuldades para atender os pedidos da indústria. Diante desse contexto, há espaço para a amêndoa subir ainda mais, destaca Adilson Reis, analista de mercado.
“O mercado tem um alvo claro de US$ 10 mil a tonelada e que está em aberto, já que as notícias ruins no setor não param de chegar, como o fechamento de fábricas e falta de suplemento. Compradores chineses estão tentando se abastecer no Peru e Equador. Há também muita demanda pelo cacau brasileiro, mas a gente não está conseguindo atender nem mesmo a indústria local”, ressalta o analista.
Em Gana, no segundo maior produtor mundial da commodity, o cenário de recuperação de oferta parece distante, segundo Adilson Reis.
“O país perdeu 500 mil árvores para a doença do broto inchado nos últimos anos, isso é algo que não se recupera em duas temporadas. Para piorar, a inflação local está em 30% ao mês, e como o setor de cacau depende muito da ajuda do governo, é muito difícil imaginar uma recuperação na disponibilidade tão cedo”.
Ainda na visão do analista, este é um novo momento para os preços do cacau na bolsa nova-iorquina. Mesmo que venham algumas correções pelo caminho, Reis acredita que o patamar de US$ 6.500 deverá ser o “novo normal” para as cotações do produto no mercado externo.
Em janeiro, quando a restrição de oferta já preocupava agentes de mercado, o cacau era cotado na faixa dos US$ 4.200.
O café avançou em Nova York com agentes atentos aos impactos do clima para as lavouras em algumas regiões produtoras. Os lotes do arábica para maio subiram 1,81%, cotados a US$ 1,8570 a libra-peso.
De acordo com análise da Hedgepoint Global Markets, o impacto do La Niña é esperado para regiões produtoras de café em todo o mundo, com os primeiros reflexos sendo sentidos no final do segundo trimestre.
“A safra de café do Brasil, principalmente no Sudeste, enfrenta riscos de temperaturas mais baixas e aumento de ocorrências de geadas devido à influência do evento. Os dados históricos mostram que o fenômeno durante as fases de desenvolvimento vegetativo se correlaciona com a diminuição dos rendimentos, como a temporada 2021/22, que testemunhou uma queda de 19% em comparação com o ciclo anterior”, observa, no relatório, Natália Gandolphi, analista de café da Hedgepoint.
Houve alta expressiva nos preços do suco de laranja. Os lotes do produto concentrado e congelado (FCOJ, na sigla em inglês) para maio fecharam em alta de 3,03%, para US$ 3,5840 a libra-peso.
O açúcar também avançou na sessão. Os lotes com entrega para maio subiram 1,33%, com o preço de 22,06 centavos de dólar por libra-peso. Já os papéis do algodão com o mesmo vencimento fecharam em leve alta, de 0,03%, para 91,81 centavos de dólar por libra-peso.
Fonte: Globo Rural.