31/05/2021 às 22h44min - Atualizada em 31/05/2021 às 22h44min

Criminosos cobram quase R$ 50 mil por caixa de remédio para Covid Actemra, diz polícia

Gazeta Rondônia
Metrópoles

Sete pessoas foram indiciadas pela Polícia Civil de Goiás (PCGO) por suspeita de comercializarem, com preço até 23 vezes mais caro que o do mercado, medicamentos de alto custo usados no tratamento de pacientes com Covid-19 e em estado grave. Famílias de doentes pagaram quase R$ 50 mil por caixa de remédio, segundo investigação divulgada neste domingo (30/5).

A PCGO diz que os suspeitos se aproveitavam do desespero das famílias dos doentes internados nos hospitais para executar os crimes. Segundo a polícia, os familiares eram abordados em ambientes virtuais formados com o objetivo de aquisição do medicamento.


De acordo com a polícia, a investigação foi iniciada em abril e concluída, na última semana, pela Delegacia Estadual de Repressão a Crimes contra o Consumidor. Os suspeitos não foram presos nem tiveram seus nomes revelados.

Actemra
 
A Operação Nisi Facilis desmontou dois supostos grupos criminosos, nos quais os suspeitos se dividiam tarefas para a comercialização de Tocilizumabe, de nome comercial Actemra, que está em falta no mercado.

A investigação revelou que uma caixa de Tocilizumabe, de 200mg, que tem um custo de aproximadamente R$ 775,42 no mercado regular, era vendida por criminosos por R$ 18.500, preço 23 vezes maior que o tradicional.

Segundo a polícia, uma caixa de Tocilizumabe com quatro seringas, vendida em média no mercado convencional por R$ 6.399,00, era comercializada no mercado criminoso por R$ 12 mil cada seringa, isto é, R$ 48 mil a caixa, preço seis vezes acima do convencional.

“Houve o desabastecimento global do produto no mercado convencional. Tanto o SUS quanto os planos privados de saúde noticiaram atualmente dificuldades para aquisição do medicamento, tanto em território nacional quanto no exterior”, disse o delegado Webert Leonardo Lopes.

O medicamento é utilizado a título experimental em pacientes em estado grave e passou a faltar nos hospitais por causa do aumento da demanda provocado pela pandemia.

Propofol

Além de amostras do medicamento Tocilizumabe (Actemra), também foram localizados e apreendidos com os suspeitos itens da droga Propovan (Propofol), também em falta no mercado e que compõe o kit intubação, que reúne analgésicos, sedativos e bloqueadores musculares.

Propofol é utilizado para a sedação de pacientes em procedimentos cirúrgicos e, também, em determinados procedimentos para tratamento da Covid-19 em casos avançados. Também foram apreendidos aproximadamente R$ 11 mil em dinheiro e receituários de medicamentos de uso controlado em branco.

Segundo o delegado, durante as diligências efetuadas pela PCGO, que incluíram cumprimentos de mandados de busca e apreensão e outras medidas cautelares sigilosas, constatou-se que as famílias compravam os medicamentos por valores abusivos por causa da situação de desespero.

“Desestruturados pela dor, pelo desespero, desequilíbrio psicológico e emocional, bem como para evitar a morte de entes queridos, os familiares acabaram aderindo a essas propostas espúrias, adquirindo o produto por valores abusivos”, afirmou o delegado.

De acordo com a investigação, os supostos grupos criminosos atuavam com divisão de tarefas consistentes no fornecimento e na intermediação mediante o recebimento de comissão entre fornecedores e revendedores finais, assim como a própria revenda final da medicação.

Todos os investigados foram indiciados por associação criminosa, que tem pena prevista de 1 a 3 anos de reclusão, e crime contra a saúde pública, que é equiparado à adulteração de medicamento consistente no comércio ilícito de medicamentos e tem pena de 10 a 15 anos de prisão.

Metrópoles não conseguiu localizar contato dos indiciados ou dos advogados deles, já que os nomes não foram divulgados pela polícia.
 
 


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