Adolescente de 14 anos foi executado brutalmente por facção com 32 golpes de facão

Gazeta Rondônia
30/01/2025 10h14 - Atualizado há 10 horas

O desabafo e o choro são de uma mãe que lutou incansavelmente para salvar o filho do mundo do crime, mas, no fim, recebeu a notícia devastadora de que o corpo do caçula, Samuel Soares Marques, estava no Instituto de Medicina Legal (IML). Aos 14 anos, o adolescente foi executado de forma brutal com 32 golpes de facão por traficantes da facção Comboio do Cão (CDC). Em menos de um mês, a Polícia Civil (PCDF) elucidou o crime, identificou os autores e prendeu quatro deles.
 
Ontem, policiais civis da 26ª Delegacia de Polícia (Samambaia Norte) deflagraram uma operação para prender três envolvidos na execução de Samuel: William Silva Miranda, o "Chuchu" ou "Papai", 30, líder do tráfico na área, dono de uma distribuidora de bebidas e o mandante do assassinato; Matheus Cruz Souza, o "Suetam", 21; e Ruan Felipe Barbosa, o "Zaroio", 20. Matheus e Ruan foram capturados no Recanto das Emas, mas William segue foragido.


Outros dois envolvidos, identificados como Jessé e Carlos, foram detidos em 11 de janeiro, cinco dias depois do crime. As investigações revelaram que partiu de "Chuchu" a ordem para a execução, após a suspeita de que Samuel teria desviado dinheiro da distribuidora de bebidas gerida pela facção.
 
Em entrevista exclusiva ao Correio, a mãe de Samuel, que pediu para não ter o nome revelado, lembrou os últimos momentos com o filho e a luta para afastá-lo do mundo do crime. "Pegaram meu filho na porta da minha casa. Eu estava na cozinha e não percebi. Ele sabia que ia morrer, mas preferiu me poupar e carregar tudo só", disse.
 
Samuel era querido e tido como engraçado pelos colegas de classe da escola onde estudava, na 801 do Recanto das Emas. Nos últimos oito meses, a mãe percebeu que o filho estava se envolvendo com o crime e lutou para afastá-lo das más influências e fazê-lo voltar à escola.
 
"Sempre o ensinei sobre o certo e o errado. Dizia para nunca mexer nas coisas alheias. Fiz o que pude. Eu passava o dia trabalhando para sustentá-lo e só o via quando chegava, ou até mesmo um ou dois dias depois", desabafou a mãe, emocionada.
 
Clique aqui para seguir o canal do Portal Gazeta Rondônia no WhatsApp
 
O homicídio ocorreu em 7 de janeiro, no Recanto do Jacaré, em Samambaia Norte. Os criminosos buscaram Samuel em casa, no Recanto das Emas, por volta das 12h, horário em que o estudante não costumava sair, segundo a mãe.
 
"Levaram ele da porta de casa. Mas ele (Samuel) sabia o que ia acontecer. Meu filho nunca saía sem o celular e a blusa de frio. Naquele dia, não levou nada. Antes de sair, disse que ia comer. Mandei ele preparar um arroz, e ele concordou. Quando chamei de novo, ele não respondeu", relatou.
 
Pouco depois de duas horas da saída, Samuel teve o corpo encontrado em uma área de mata em Samambaia. O menor estava com uma das mãos decepadas e o pescoço degolado. A mãe do garoto só soube do falecimento quando policiais bateram na porta da casa dela, às 17h do dia seguinte. "Falaram que meu filho estava no IML. Eu achei estranho porque ele não apareceu para jantar e não costumava passar a tarde na rua. Ele dormia de dia e saía à noite."
 
Em 11 de janeiro, quando Jessé e Carlos foram presos, os dois contaram uma versão contraditória para tentar despistar as investigações. Alegaram que levaram Samuel para um banho de cachoeira em Samambaia, onde uma discussão teria resultado na tragédia.
 
A polícia descartou essa versão e concluiu que os criminosos levaram Samuel diretamente para a área de mata, onde ele foi morto. A conclusão dos investigadores reforça o depoimento da mãe, que informou que o filho jamais sairia de casa sem os pertences e, por isso, o estudante tinha noção do que estava por vir.
 
Quatro dias antes do crime, a mãe de Samuel desabafou com ele. "Eu chorei e pedi que ele saísse dessa vida, pois o meu maior medo era alguém tirá-lo de mim. Ele sabia que seria morto, mas não me contou. Preferiu carregar tudo sozinho. Ele pode ter errado, mas por que precisavam fazer essa monstruosidade? Por que essa maldade?", questionou a mulher. A polícia segue no encalço de William Silva, o "Chuchu". Até o fechamento desta edição, ele não havia sido preso.
 
Fonte: Correio Braziliense.


Notícias Relacionadas »