Em uma nova demonstração da resiliência do garimpo ilegal na Amazônia, o Greenpeace Brasil identificou 130 balsas de mineração operando no Rio Madeira, entre os municípios de Novo Aripuanã e Humaitá, no Amazonas. O flagrante ocorre apenas cinco meses após a Operação Prensa, que havia destruído 459 balsas na região em agosto de 2024, evidenciando a persistência dessa atividade criminosa em um dos principais afluentes do Rio Amazonas.
Monitoramento avançado revela atividade intensa
Utilizando tecnologia de ponta através do radar SAR (Synthetic Aperture Radar) via satélite Sentinel 1, o monitoramento realizado entre 10 e 22 de janeiro de 2025 identificou 12 pontos distintos de atividade garimpeira. Destes, sete apresentavam balsas em plena operação, enquanto cinco mostravam embarcações em deslocamento ou ancoradas, aguardando para iniciar a exploração ilegal.
Histórico de devastação
O Rio Madeira, com seus 3.315 quilômetros de extensão, enfrenta há mais de quatro décadas uma verdadeira epidemia de garimpo ilegal. Sua importância é fundamental para o equilíbrio ambiental da Amazônia, com áreas inundáveis que se estendem por mais de 210.000 km².
Jorge Eduardo Dantas, porta-voz da Frente de Povos Indígenas do Greenpeace Brasil, alerta: "A destruição causada pelo garimpo é sustentada por uma cadeia criminosa que opera com total impunidade. É urgente que o governo brasileiro adote políticas integradas que unam tecnologia, fiscalização eficiente e alternativas econômicas sustentáveis."
Impactos alarmantes na saúde e no ambiente
Estudos científicos recentes sobre a contaminação por mercúrio na bacia do Rio Madeira revelam um cenário preocupante:
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Desafios legais e institucionais
Em 2021, a Justiça Federal da 1ª Região declarou inconstitucionais diversas licenças ambientais emitidas pelo IPAAM (Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas), devido à ausência de estudos de impacto ambiental adequados e ao uso indiscriminado de mercúrio. No entanto, a exploração continua ocorrendo de forma sistemática.
Dados do Greenpeace Brasil indicam que 94% do garimpo na Amazônia ocorre em áreas protegidas, como Terras Indígenas e Unidades de Conservação, demonstrando a fragilidade dos mecanismos de proteção ambiental atuais.
Mobilização social
O Greenpeace Brasil mantém uma campanha ativa pela declaração da Amazônia como área livre de garimpo. O abaixo-assinado "Amazônia Livre de Garimpo" já conta com mais de 212 mil assinaturas, demonstrando o crescente apoio da sociedade civil à causa.
A organização enfatiza que apenas com medidas coordenadas e estruturais será possível proteger efetivamente o Rio Madeira e suas comunidades. O desafio atual não é apenas combater as balsas de garimpo, mas implementar um modelo de desenvolvimento sustentável que respeite os limites ambientais e os direitos das populações tradicionais da região
Fonte: Painel Político.