A crescente alta nos preços do café está alimentando um mercado paralelo preocupante no Brasil: o dos chamados "cafés fake" ou "cafakes". Em uma série de operações recentes, o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) apreendeu diversos lotes desses produtos em estabelecimentos localizados em São Paulo, Paraná e Santa Catarina, alertando para os riscos à saúde do consumidor.
O presidente da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic), Pavel Cardoso, alerta que esses produtos falsificados são comercializados em embalagens que imitam marcas tradicionais, mas contêm apenas resíduos do beneficiamento do café legítimo.
"São misturas de impurezas extremamente prejudiciais à saúde humana, que podem incluir cascas, paus, pedras e sedimentos", explica.
O cenário atual do mercado tem contribuído para a proliferação dessas falsificações. O café moído registrou um aumento de 11,63% apenas em fevereiro, segundo o IPCA-15. A indústria nacional acumula uma elevação de 160% nos custos em 2024, embora o repasse ao consumidor tenha sido de apenas 39%.
A Abic recomenda atenção aos seguintes pontos:
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Hugo Caruso, diretor do Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Vegetal do Mapa, confirmou que os produtos apreendidos estão em análise. "Somente após a conclusão das análises poderemos afirmar se os produtos são realmente uma fraude", declarou em nota oficial.
A situação é agravada por uma conjuntura internacional desfavorável. Os últimos três ciclos de produção global ficaram abaixo do nível de consumo, gerando déficits na oferta. O café arábica chegou a ultrapassar US$ 4 por libra-peso na bolsa de Nova York, um valor histórico.
Segundo Heloisa Melo, analista da Agroconsult, os preços devem permanecer elevados. "Valores abaixo de US$ 1,50 por libra-peso podem se tornar raros, a menos que a produção global se recupere e os impactos climáticos diminuam", projeta.
A Melitta, uma das marcas afetadas pela falsificação, informou que está tomando providências legais para proteger sua propriedade intelectual. A Abic recomenda que os consumidores denunciem casos suspeitos às autoridades e redobrem a atenção no momento da compra.
O avanço do mercado de café falsificado representa não apenas um risco à saúde pública, mas também um prejuízo significativo para toda a cadeia produtiva do café, que emprega milhares de brasileiros e é um dos principais setores da economia nacional.
Fonte: Painel Político.