VÍDEO: Cacau ‘vira ouro’ e anima produtores brasileiros

Gazeta Rondônia
19/04/2025 14h18 - Atualizado há 1 dia

Essa Páscoa está mais cara e o motivo tem muito a ver com crise do cacau na África, onde estão os maiores produtores do fruto no mundo, que é a matéria-prima do chocolate.

Os preços da commodity registraram alta de 189%, com picos de até 282%, ao longo de 2024, segundo a Associação Brasileira da Indústria da Alimentação (Abia). O patamar de preço gira em torno de US$ 3 mil a tonelada, mas bateu o recorde histórico de US$ 12,5 mil em dezembro passado na Bolsa de Nova York.

Com os preços do cacau mais elevados, alguns produtores têm aproveitado o momento para investir e expandir suas produções.

Cleiton Braga, que produz cacau na cidade de Medicilândia, no Pará, contou à IstoÉ Dinheiro Rural que precisou aumentar a quantidade de funcionários na fazenda que trabalha ao lado de outros 10 produtores, devido à alta demanda.

“O bom do preço justo é por que ganhamos um preço melhor, investimos isso na roça para produzir mais ainda. Além de podermos investir fora comprando novas terras, para fazer novos plantios, explica Cleiton Braga.

Fares Restrepo Guarin, dono da Macondo Chocolates, que produz cacau na região do Vale do Ribeira, na região sudeste do estado de São Paulo, afirma que apesar das instabilidades, indicaria o cultivo do fruto.

“Acho que pensando nas condições econômicas atuais, o preço é muito atrativo para a plantação de cacau, mas, ao mesmo tempo, é um mercado que oscila muito”, explica. 

Nascido na Colômbia, Fares conta que foi um dos primeiros a apostar no plantio de cacau na região do Vale do Ribeira. O produtor tem aproveitado o momento para expandir seu mercado, investindo também em outras regiões, focando principalmente na região sul do Brasil.

“Começamos pequenos, produzindo 20, 30 barrinhas de chocolate por mês. Hoje a gente consegue comercializar em torno de 300, 400, até 500 barras por mês. É um crescimento que a gente realmente não esperava. Agora estamos em uma segunda fase, que é a fase de expansão, se inserindo no mercado curitibano, por exemplo”, conta Fares. 

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Orlantildes Pereira, presidente da cooperativa de produtores de cacau no sul da Bahia, a Coopercabruca, explica que o momento é, sim, favorável, mas recomenda que interessados em ingressar na produção do cacau avaliem bem seus investimentos.

“Se chegarem interessados querendo ingressar nessa cultura, comprando áreas já produtivas, é uma coisa. A outra é se chegarem querendo começar do zero. A lavoura cacaueira é uma lavoura permanente, não é temporária, os primeiros resultados você vai conseguir com três anos, se daqui para lá os preços não se mantiverem altos, pode não ser uma boa alternativa”, diz Orlantildes Pereira. 

Demanda maior que a oferta

O Brasil é o sexto maior produtor mundial de cacau, e a perspectiva é de aumento na safra após uma série de quedas. Os investimentos em novas áreas de produção e no processamento do cacau devem impulsionar a colheita.

A Bahia segue como o maior estado produtor de cacau do Brasil, respondendo por 65% do total de amêndoas destinadas às indústrias processadoras do país. No primeiro trimestre de 2025, o estado forneceu 11.671 toneladas, de acordo com dados da AIPC (Associação Nacional das Indústrias Processadoras de Cacau).

Apesar de toda a produção brasileira, o país ainda não é autossuficiente para atender a demanda local, principalmente devido a doenças como a “vassoura de bruxa”, uma praga causada pelo fungo Moniliophthora perniciosa, que afeta as árvores de cacau em várias regiões do Brasil.

“O mundo precisa de cacau, o mercado consumidor mundial está em expansão. Você vê que o preço praticamente triplicou de 2023 para cá, e o mercado consumidor não desanimou. O problema é que a oferta do produto não tem acompanhado isso”, explica o presidente da Coopercabruca. 

Crise global

Aproximadamente 65% do cacau produzido no mundo vêm desses quatro países da África Ocidental:

  • Costa do Marfim
  • Gana
  • Nigéria
  • Camarões.

Em 2024, a região teve uma das piores colheitas da história, o que derrubou a oferta disponível de cacau no mundo inteiro e elevou os preços para patamares elevados. O motivo foi a dispersão de um vírus que causa a doença do broto inchado do cacau (CSSV, da sigla em inglês). O agente infeccioso se espalha de árvore em árvore e pode reduzir a produtividade em 50% em apenas dois anos.

Um relatório da Organização Internacional do Cacau mostrou que 81% das plantações em Gana, segundo maior produtor de cacau do mundo, estão infectadas com o CSSV. A doença também se espalha na Costa do Marfim e já afetou cerca de 60% da produção mundial.

Fonte: Dinheiro Rural.


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