Com área de 1,45 mil km² e 18,5 mil habitantes, Colorado do Oeste, a 755 quilômetros de Porto Velho, completa hoje (16) 40 anos, projetando-se no cenário do sul de Rondônia por sua pujança agropecuária e também pela agroindústria. Este ano, conforme publica o Portal da Transparência da Controladoria-Geral da União, o município recebeu R$ 8,06 milhões federais, dos quais, R$ 2,31 milhões já foram investidos.
Colorado nasceu da força migratória e do prestígio de dois grupos empresariais, um paranaense, outro paulista, que tomaram posse de ricas faixas de solo avermelhado, indicador de terra fértil.
O nome da cidade homenageia o rio Colorado. Nas atrações turísticas divulgadas são estes os locais recomendados para visitas: ginásio poliesportivo municipal, praça da Rodoviária, Lago da Rodoviária, Estádio Municipal e Igreja Matriz Nossa Senhora Aparecida.
O que nem todos se lembram é que ali no sul ocupado por soja e gado bovino, também havia um garimpo de ouro denominado Topless. Da estrada se contemplavam dois morros salientes, lembrando seios de mulher, daí o nome.
O então presidente da Companhia de Mineração de Rondônia (CMR), Magnus Guimarães informava, em novembro de 1985, que o prefeito Marcos Donadon solicitava à Secretaria Estadual da Fazenda (hoje Sefin) uma equipe de fiscalização para evitar a sonegação do Imposto Único Sobre Minerais.
Com o objetivo de formar extensas fazendas de gado bovino, veio para aquela parte da região sul de Rondônia o grupo Terra Rica S.A. Os empresários Oscar Martinez [nos anos 1980, dono do Canal de TV CNT, no Paraná] e João Arantes do Nascimento, disputavam as mesmas terras procuradas por colonos pioneiros e posseiros.
Entre 1973 e 1974, quando o extinto território federal era governado por Teodorico Gahyva, sucedido por João Carlos Marques Henrique, que anteriormente já governara, um abaixo-assinado de colonos chegou ao Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), reivindicando terras devolutas – primeiramente, para os donos da imobiliária. E lá se foram os empresários em busca da sensatez do capitão da Aeronáutica Sílvio Gonçalves de Farias, coordenador regional do (Incra) e fundador de Ariquemes.
O primeiro confronto surgiu, a partir do momento em que o Incra constava que esses grupos não tinham como provar a posse de suas terras. Na região sul de Rondônia, o próprio instituto fomentara a distribuição de LOs [licenças de ocupação], que até hoje dão problemas na titulação efetiva de famílias.
O Instituto cuidou logo de avisar Brasília e solicitar autorização para assentamentos de famílias no Projeto de Colonização Paulo de Assis Ribeiro, criado pela Portaria n.º 1.480, de 4 de outubro de 1973. As primeiras famílias receberam seus lotes [100 hectares cada um] em 1975. Dois anos depois, o lugar fervilhava de migrantes.
O projeto original da cidade tem uma diferença quilométrica: a área escolhida não fora aceita pelos pioneiros, que preferiram não se afastar de outra, onde havia mais água.
OURO NA SERRA
O ronco dos motores e a escavação de grotas profundas no garimpo Topless começavam às 4h, em Colorado do Oeste.
Corria o ano de 1985. Nas ruas da pequena cidade, paranaenses sem tradição na exploração do ouro se misturavam a algumas centenas de homens procedentes de diferentes lugares da Amazônia. Eles traziam apenas a roupa do corpo, a mochila, o rádio de pilha e algum dinheiro.
A maioria chegava atraída por notícias divulgadas pela Rádio Nacional de Brasília, dando conta da existência de um metal fino com 14% a 16% de impurezas.
Ali chegavam garimpeiros vindos de Itaituba, Jacareacanga e Serra Pelada (ambas no Pará), Alta Floresta e Cuiabá (MT), ou expulsos pela cheia do rio Madeira.
Hotéis, pensões e dormitórios cobravam diárias de 20, 25 e 30 mil cruzeiros. Em matéria da criatividade de nomes, as “fofocas” de Colorado iam além do Topless: Sete Voltas, Grota do Armando, Serra da Tanguinha, Grota da Rolinha e Baixão do Enganado.
O grupo Anglo American colocava os pés na região, negociando ouro e diamantes por meio de suas propostas, as minerações Sopeme, São João e Tanagra. A Companhia de Mineração de Rondônia (CMR) instalava um escritório e começava a comprar também, pagando 120 mil cruzeiros o grama.
As grotas com sete a 10 metros produziam 40 a 50g por dia. Muito pouco, segundo o gaúcho Anibaldo Augustini, que alertava: