Um caso de extrema gravidade tem movimentado as redes sociais e a Justiça de Rondônia. Solivam Antonio de Oliveira Santana, ex-vereador de Costa Marques, foi condenado a 17 anos e 9 meses de prisão por estupro de vulnerável.
A sentença, que transitou em julgado em julho de 2025, refere-se aos crimes cometidos contra Rodrigo Borges, abusado durante a infância. No entanto, o réu está foragido, e as denúncias de sua própria filha, Anny Gabriele, têm sido fundamentais para expor a gravidade dos abusos sofridos por ela e outras vítimas.
Histórico do caso: Abusos e silêncio
Solivam Antonio de Oliveira Santana, que já ocupou cargos públicos como vereador em Costa Marques, uma pequena cidade no interior de Rondônia, e servidor municipal, é acusado de uma série de abusos físicos, psicológicos, sexuais e financeiros. Sua filha, Anny Gabriele, relatou em um vídeo publicado nas redes sociais que os abusos começaram quando ela tinha apenas 12 anos, ao se mudar para morar com o pai.
No vídeo, Anny descreve a violência que enfrentou.
“Durante toda a minha adolescência, eu fui vítima de abusos e violências cometidos pelo meu genitor. Uma pessoa que era para me proteger, era o meu abusador.” Ela afirma que era tratada como propriedade e mantida em situação de cárcere privado, sendo desacreditada ao tentar denunciar os crimes na época.
Rodrigo Borges, outra vítima, também compartilhou sua história. Ele foi abusado na infância, quando Solivam mantinha um relacionamento com sua irmã.
“Bom, não preciso dar detalhes, mas eu acho que qualquer coisa que vocês imaginarem, ele fez. Isso me deixou uma merda na minha infância. Afetou tanto em relacionamentos, amizade e principalmente na minha relação com minha família.”, desabafou Rodrigo.
Denúncias e condenação: Um passo para a justiça
Anny, já na vida adulta, decidiu romper o silêncio. Com mais de 30 anos, ela escreveu uma carta detalhada ao Ministério Público de Rondônia (MP-RO), relatando os abusos que sofreu e apontando outras vítimas.
“Eu queria que outras crianças não sofressem isso, sabe? A impunidade deixava ele mais seguro. Eu só pensava no filho da esposa que ele tem. Eu só pensava no filho das pessoas que estão ao redor dele.”, revelou.
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A denúncia foi acolhida pelo promotor de Justiça André Luiz Rocha, do Núcleo de Atendimento a Vítimas (Navit), e as investigações levaram à condenação de Solivam pelo crime contra Rodrigo. Apesar de os crimes contra Anny terem prescrito, seu relato foi crucial como testemunha no processo. No entanto, Solivam fugiu antes de ser capturado pela polícia, e agora sua imagem como foragido é divulgada pela Polícia Civil de Rondônia.
Rodrigo, por sua vez, tomou a iniciativa de pedir à Polícia Civil que publicasse o mandado de prisão nas redes sociais, na esperança de que a exposição ajude a localizá-lo. Ele também deixou um alerta à sociedade.
“Sério, toma muito cuidado a pessoa que você apresenta para seu irmão, para sua filha, para seu primo, qualquer coisa. Tome cuidado com qualquer pessoa que você coloque na sua casa. Você nunca sabe o que realmente aquela pessoa é.”
Violência contra crianças em Rondônia
O caso de Solivam não é um fato isolado. Dados recentes divulgados pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública mostram que Rondônia é o estado da Amazônia Legal com a maior taxa de violência sexual contra crianças e adolescentes. Em Porto Velho, a capital, a taxa chega a 259,3 casos por 100 mil crianças e adolescentes, seguida por Boa Vista (RR) e Cuiabá (MT). As principais vítimas são meninas de 10 a 14 anos, especialmente em áreas rurais, sendo 81% delas negras.
A neuropsicóloga Anne Cleyanne Alves, fundadora da Associação Filhas do Boto Nunca Mais, que atua na defesa de mulheres e crianças vítimas de violência, explica que muitos agressores não se encaixam no estereótipo de "vilão".
“Geralmente, um abusador, um violador sexual, ele não vai ser uma pessoa que vai ser ruim com todos. Ao contrário, ele vai ser aquele senhor simpático, aquela pessoa que envolve os outros, exatamente porque ele precisa levantar essa couraça de 'bom moço'.”, destacou.
Como Denunciar e Buscar Ajuda
Crimes contra crianças e adolescentes podem ser denunciados por canais oficiais que garantem sigilo e atendimento 24 horas. Confira algumas opções:
Informações sobre o paradeiro de Solivam Antonio de Oliveira Santana podem ser repassadas pelos números 197, 190 ou pelo WhatsApp (69) 98439-0102. Lembramos que esconder um foragido da Justiça é crime no Brasil, configurando favorecimento pessoal, conforme o artigo 348 do Código Penal.
Veja o vídeo
Fonte: Painel Político.