Falsa prostituta do “PCC” extorquia e ameaçava expor clientes casados

Gazeta Rondônia
08/09/2025 00h29 - Atualizado há 9 horas

A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) deflagrou, no final do mês de agosto uma operação para desarticular um grupo criminoso que fingia ser da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) e cometia extorsões virtuais contra homens que acessavam sites de prostituição, tanto no DF quanto em outras unidades da Federação.

A operação “Falso Anúncio”, conduzida pela 15ª Delegacia de Polícia (Ceilândia Centro), com o apoio da Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG), cumpre cinco mandados de prisão temporária e cinco de busca e apreensão expedidos pela Justiça Criminal do DF.

A investigação teve início em fevereiro deste ano, após a vítima, um homem de 31 anos, ter acessado um site de acompanhantes e ser extorquido pelo bando.

Prostituta fake

Na ocasião, após conversar com uma suposta garota de programa que se apresentava como disponível para os serviços, o cliente acertou o programa pelo valor de R$ 100 em um hotel de Taguatinga.

Ao chegar ao local, o homem foi orientado a realizar o depósito do valor combinado, o que fez imediatamente por meio de transferência via Pix.

Logo após o pagamento, foi surpreendido com uma nova exigência: a suposta acompanhante afirmou que seria necessário um pagamento adicional de mais R$ 100 para que o quarto fosse liberado. Diante disso, a vítima passou a desconfiar do esquema e informou que desistiria do encontro.

Foi então que começou a receber mensagens ameaçadoras por WhatsApp, enviadas por um homem que se identificou como integrante do PCC.

O golpista afirmou ser o cafetão da garota de programa e exigiu o pagamento de mais R$ 500, sob a alegação de que a vítima havia atrapalhado a agenda da prostituta, a qual teria desmarcado outros compromissos e ficado no prejuízo.

Ameaça de morte

As ameaças eram diretas e graves: o criminoso afirmou que mataria a vítima caso o valor não fosse pago.

Para agravar o medo, os criminosos enviaram fotos da família da vítima e de um de seus veículos, imagens que estavam publicadas no Instagram do cliente, demonstrando ter feito um rastreamento detalhado das redes sociais do homem.

Temendo por sua integridade física e a de seus familiares, a vítima realizou o depósito de R$ 500, totalizando R$ 600 pagos aos criminosos. Após o segundo pagamento, os suspeitos não cessaram as exigências.

Passaram a cobrar mais R$ 1,5 mil, alegando que só assim “colocariam uma pedra em cima do assunto”. Diante da impossibilidade e do risco crescente, a vítima recusou-se a pagar o novo valor e, imediatamente, se dirigiu à delegacia para registrar ocorrência e relatar todo o ocorrido.

Estrutura criminosa

A análise de dados bancários, telefônicos e cadastrais revelou a existência de uma associação criminosa estruturada, com divisão clara de tarefas entre os envolvidos.

Os cinco investigados, sendo três homens e duas mulheres, têm idades entre 21 e 27 anos, e são naturais do município de Montes Claros (MG), onde todos os endereços investigados foram localizados.

Funções dentro do grupo:

Uma mulher de 23 anos era responsável pela criação dos anúncios falsos, interlocução direta com as vítimas e envio de mensagens ameaçadoras. Utilizava números de telefone e e-mails falsos, operando a partir de aparelhos celulares com múltiplos chips.

Um homem de 27 anos atuava como operador das contas bancárias e recebedor dos valores ilícitos via Pix, coordenando o fluxo financeiro do esquema.

Um homem de 21 anos ficava responsável por alterar os números de telefone nos anúncios logo após a consumação dos golpes, com o objetivo de dificultar o rastreamento pelas autoridades.

Duas pessoas, de 21 e 23 anos, atuavam como “laranjas” ou “conteiros”, fornecendo dados bancários e chaves Pix para receber os valores extorquidos, caracterizando indícios de lavagem de dinheiro.

Ocultação digital

Os criminosos utilizavam técnicas avançadas de ocultação digital, como a troca frequente de números de telefone, o uso de múltiplos chips e e-mails falsos, além de contas bancárias em nomes de terceiros.

Um dos números usados nas ameaças chegou a ser cancelado dias antes do crime e reativado em nome de uma empresa, evidenciando tentativa deliberada de ocultar a autoria.

A investigação revelou que o grupo atua de forma reiterada e em âmbito nacional. Além do caso em apuração, foram identificadas outras três ocorrências no DF com a mesma metodologia criminosa, envolvendo extorsão, ameaça e uso de anúncios falsos.

Anúncios idênticos foram localizados em outros sites de acompanhantes, todos vinculados aos mesmos e-mails e estrutura de pagamento.

Ações deflagradas

A operação ocorre simultaneamente nos cinco endereços identificados em Montes Claros MG), com o objetivo de prender os integrantes do grupo criminoso e preservar provas digitais e materiais que possam comprovar a atuação criminosa e ampliar o raio de investigação.

Além da prisão temporária dos suspeitos, os mandados de busca e apreensão visam a apreensão de celulares, computadores, documentos, mídias digitais, chaves Pix e eventuais valores em espécie, elementos essenciais para a continuidade das investigações e identificação de novas vítimas.

Fonte: Metrópoles.


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