A Fundação Livre de Cicatrizes lançou 2,5 milhões de libras para financiar um programa de três anos de “pesquisa regenerativa” na base tecnológica da Universidade de Swansea. Segundo reportagem do jornal britânico Daily Mail, o objetivo do fomento é progredir o estudo para ensaios clínicos envolvendo seres humanos.
A Fundação Livre de Cicatrizes também comentou que pacientes relataram que preferiam que seus próprios tecidos fossem utilizados na reconstrução, pois eles não se sentiam bem com próteses de plástico, as quais não “fariam parte deles”. Para resolver essa questão, o programa criará suportes de “cartilagem” personalizados, nos quais as células-tronco dos pacientes crescerão.
Esse processo tecnológico evitará a necessidade de extrair cartilagens de outras partes do corpo, o que poderia ser doloroso e resultar em mais cicatrizes.
A primeira parte do processo envolve a retirada de cartilagem de células-tronco específicas, dos próprios pacientes ou de nanocelulose extraída de plantas, para impressão de um “bioink”, que está sendo impresso de um equipamento de “bioconvergência”, desenvolvido pela empresa Cellink.
O líder da pesquisa, o professor Iain Whitaker, da Universidade de Swansea, exaltou os resultados primários do estudo.
“O impacto deste trabalho poderia ser realmente emocionante. Isso nos daria, como cirurgiões, a capacidade de tirar células do corpo humano, expandi-las e colocá-las em uma tinta, que poderia ser literalmente impressa em uma estrutura tridimensional [e] implantada de volta no corpo humano. Isso, do nosso ponto de vista como cirurgiões, significaria que não teríamos de retirar tecido de qualquer outra parte do corpo, então estaria limitando as cicatrizes, limitando a dor e você aumentaria as opções para ajudar as pessoas a reconstruir defeitos”, comentou Whitaker, que é o único professor de cirurgia plástica do País de Gales, ao Daily Mail.
Impressões 3D utilizam softwares para criar um design tridimensional antes de serem impressos por um equipamento robótico. De acordo com a reportagem, braços automáticos de robôs possuem uma agulheta em suas extremidades que emitem a substância de impressão camada a camada.
O programa da Fundação Livre de Cicatrizes determinará a combinação ideal de células a serem produzidas na formação da nova cartilagem, além de “otimizar bioinks de nanocelulose para impressão 3D”. Os responsáveis pela pesquisa esperam mostrar que os bioinks são seguros, não tóxicos e bem tolerantes ao sistema imunológico antes dos testes clínicos para a reconstrução facial.
O veterano inglês da Guerra das Malvinas, Simon Weston, é o embaixador líder da fundação. Ele se recuperou de graves ferimentos causados por queimaduras durante o conflito na ilha perto da costa sul-americana.
“É fantástico que esta pesquisa esteja acontecendo e o que vamos fazer é incrível”. ''Esta nova pesquisa – bioimpressão de cartilagem de orelha e nariz feita a partir das próprias células do paciente – teria feito uma grande diferença para mim. Simplesmente não havia pesquisa ou capacidade na época para reconstruir minhas orelhas – eu literalmente tive que vê-las cair. Essa pesquisa também evita a necessidade de enxertos de pele retirados de outras partes do corpo – um processo que pode ser muito doloroso e deixar novas cicatrizes", disse Weston.
O programa de estudos também analisará o impacto das cicatrizes faciais na saúde mental dos pacientes. No Reino Unido, 1% da população local tem diferenças faciais significantes, o que pode afetar a psique desses indivíduos. Fonte: G1