24/07/2021 às 11h32min - Atualizada em 24/07/2021 às 11h32min

Caminhoneiros ameaçam paralização neste domingo (25), Governo diz que não vê risco de greve da categoria

Categoria está dividida em relação ao movimento convocado para domingo (25)

Gazeta Rondônia

O governo de Jair Bolsonaro avalia que não há risco de uma nova greve dos caminheiros. Calcula que a categoria já ameaçou parar outras 13 vezes, sem sucesso. Porém, a possibilidade não foi descartada nas estradas. Um grupo de caminhoneiros convoca uma paralisação para este domingo (25) e diz que pode ter adesão de 20 mil motoristas.
 
A paralisação foi convocada pelo CNTRC (Conselho Nacional do Transporte Rodoviário de Cargas), o mesmo grupo que tentou fazer uma greve em fevereiro, mas não teve adesão da categoria à época.


O movimento é contra a alta dos combustíveis e pelo cumprimento da tabela mínima do frete. Divide a categoria novamente, mas recentemente ganhou a adesão de grupos que eram contrários ao movimento.

A greve convocada pelo CNTRC tem apoio da ANTB (Associação Nacional de Transporte no Brasil), da CNTTL (Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transporte e Logística) e de caminhoneiros autônomos de regiões como Goiás, Espírito Santo e Rio Grande do Sul.

Na Baixada Santista, também está prevista uma manifestação, a partir das 6h de segunda-feira (26), nas proximidades do Porto de Santos. Em Tabuleiro do Norte (CE), que é chamada de cidade dos caminhoneiros, alguns motoristas autônomos já estão parados.

O Movimento GBN (Galera da Boleia da Normatização Pró-Caminhoneiro), que era da base do governo de Jair Bolsonaro e não apoiou a greve em fevereiro, disse que também vai aderir, para pedir a constitucionalidade do piso mínimo do frete.

Um dos representantes do GBN, Joelmes Correia, disse que não sobrou outra alternativa a não ser brigar pelo diesel. Ele avalia que o DTE (Documento Eletrônico de Transporte), criado em maio dentro de um pacote que tentava agradar aos caminhoneiros, é prejudicial.

O presidente da ANTB (Associação Nacional de Transporte no Brasil), José Roberto Stringasci, disse que haverá protestos no domingo (25) e pontos de parada na segunda-feira (26).  Stringasci falou que as rodovias não serão bloqueadas. “O direito de ir e vir está garantido. Não vai fechar rodovia. No máximo, obstruir uma faixa para orientar a categoria”, afirmou.

“A paralisação dos caminhoneiros começa dia 25 em vários pontos do país. Inicialmente os caminhoneiros vão encostar seus caminhões em vários pontos do país, nos pátios de parada”, afirmou o presidente da CNTRC, Plínio Dias.

Plínio Dias tem pretensões políticas. Já foi candidato a vereador pelo PP em 2020 em São José dos Pinhais (PR). Teve 99 votos. Outro líder da categoria que está participando do movimento de paralisação é Carlos Alberto Litti, presidente da CNTTL. Também já foi candidato a vereador na cidade de Ijuí (RS), em 2012. Não foi eleito.

Por outro lado, são contra o movimento entidades como ABCAM (Associação Brasileira dos Caminhoneiros), CNTA (Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos) e ABRAVA (Associação Brasileira dos Condutores de Veículos Automotores). A ABRAVA é presidida por Wallace Landim, o Chorão, que foi um dos líderes da greve realizada em 2018, no governo de Michel Temer.

Chorão disse que “a situação é pior que em 2018” e que “é importante a luta da categoria”. Porém, afirmou que “não quer levantar essa bandeira sozinho”. “Todos sofrem com a alta dos combustíveis. Então, vamos conversar com outros representantes de classe e outros segmentos para discutir o assunto e avaliar um movimento mais amplo”, afirmou.

O Ministério da Infraestrutura também não acredita que a greve vai vingar. Em nota, a pasta disse que a CNTRC não é entidade de classe representativa para falar em nome do setor do transporte rodoviário de cargas autônomo e que qualquer declaração feita em relação à categoria corresponde apenas à posição isolada de seus dirigentes.

Os caminhoneiros que convocam a paralisação reclamam do posicionamento do governo. Dizem que o ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, deixou de dialogar com os motoristas.
 
Ainda não houve reunião entre o Ministério da Infraestrutura e a categoria em 2021. A pretensão política de parte dos líderes dos caminhoneiros foi um dos motivos que fizeram Tarcísio cortar diálogo com uma parcela da categoria.

Parte dos caminhoneiros que ainda mantém diálogo com o ministro afirma que não é verdade que o ministro não busca atender aos anseios da categoria. Dão como exemplo o piso mínimo do frete rodoviário de carga, que foi reajustado recentemente pela ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres).

Como revelou, a reportagem, também está sendo preparada no Ministério da Economia uma medida provisória que estabelece a renovação de frota do caminhoneiro autônomo. Será a 1ª vez que o caminhoneiro autônomo, pessoa física, será incluído na cadeia de financiamento de uma renovação de frota, condicionando a venda de um caminhão novo ou seminovo à retirada de circulação de um velho. Alguns caminhoneiros que apoiam a greve dizem, no entanto, que não querem caminhões usados.


 
Fonte: Poder 360 - foto ilustrativa


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