26/07/2021 às 20h17min - Atualizada em 26/07/2021 às 20h17min

Suspeito de chefiar clã do tráfico, homem preso alega 'obesidade mórbida e claustrofobia' para tentar prisão domiciliar

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Cumpre prisão preventiva, em Campo Grande, desde maio deste ano, o boliviano “Dom Pulo”, “Pé Gordo”, ou ainda “Jesus Lora”, apelidos de Jesus Einar Lobo Dorado, de 54 anos, que é acusado pelas autoridades brasileiras de ser um dos chefes de organização criminosa dedicada ao tráfico internacional de drogas, notadamente cocaína, do Peru e da Bolívia, para o Brasil. Ele foi extraditado em maio deste ano, depois de quase dois anos da captura no país vizinho, em Santa Cruz de La Sierra.

Entregue ao Brasil, em Corumbá no dia 5 de maio de 2021, “Dom Pulo” veio na sequência para o presídio fechado da Gameleira, localizado entre a saída de São Paulo e a de Sidrolândia, em Campo Grande. O prédio é chamado também de “Supermáxima”, por não haver relato de entrada ilegal de celulares, entre outras regras de segurança mais rígidas para a massa carcerária.

Desde então, a defesa tenta tirar o preso do cárcere, sob alegação, em resumo, de que sua condição de saúde impede a manutenção no sistema prisional.

Jesus Einar, argumentam os defensores, pesa mais de 170 kg, ou seja, sofre de obesidade mórbida. Além disso, tem diabetes, hipertensão, insuficiência cardíaca, episódios depressivos, transtorno de ansiedade fóbica e transtorno de angústia, traduzido como ataques de pânico. A doença psiquiátrica, segundo alegado, manifesta-se por meio da claustrofobia, quer dizer: medo de ficar em lugares fechados. 

Os apelos feitos à Justiça também citam que o interno teve Covid e restou para ele sequela em um dos pulmões. 

“A cada dois dias (aproximadamente) tem sua saúde colapsada e é encaminhado à enfermaria da Penitenciária, uma vez que óbvio, inexiste uma estrutura hospitalar para um tratamento e monitoramento contínuo de sua debilitada saúde”, diz trecho de habeas corpus impetrado no STF (Supremo Tribunal Federal) pela banca de advogados.

Argumentação para o não

 

Esse pedido não foi nem “conhecido” pelo Supremo, pois no entendimento da ministra Carmen Lúcia, houve a chamada supressão de instância, uma vez que requisição judicial semelhante havia sido impetrada no Superior Tribunal de Justiça (STJ), foi rejeitado em primeira análise e aguarda a decisão de mérito.

O despacho da ministra, do dia 6 de julho, detalha que a prisão de “Pé Gordo” foi pedida pela Polícia Federal em dezembro de 2017, com base “em extensa investigação policial, na qual o requerente foi apontado como o fornecedor de droga de diversos traficantes nacionais”.

Como reflexo desse inquérito o Ministério Público Federal do Acre denunciou oito acusados, apontados como integrantes de uma associação criminosa responsável por trazer para o Brasil mais meia tonelada de cocaína, oriundas da Bolívia e Peru. As apreensões ocorreram em Porto Walter (AC) e em Poxoréu (MT).

Os autos, que correm em sigilo, ainda estão em andamento quanto a Jesus Einar e outro réu de origem estrangeira. Quatro brasileiros já foram condenados em primeiro grau.

Até agora, todas as tentativas de liberdade ou semiliberdade, como a prisão domiciliar, foram rejeitadas, tanto em primeiro grau quanto no Tribunal Regional Federal da 1ª Região, o segundo grau na esfera federal do Acre, no STJ e no Supremo.

 

Perigoso

As peças processuais citam o suspeito de chefiar grupo criminoso como alguém que, se ficar em liberdade, pode atrapalhar as apurações e voltar a delinquir. Quando houve a prisão, o fato foi notificado pela Interpol, que havia colocado Jesus Einar na chamada “divisão vermelha”, status conferido aos procurados mais perigosos. 

No texto, a Interpol afirma que o homem de vários apelidos é o suposto líder de uma rede criminosa conhecida como 'Família Lima Lobo', que é suspeita de traficar drogas internacionalmente em vários países da região amazônica por meio de frota de aviões privados.

“Acredita-se que a rede também tenha ligações com vários cartéis de drogas colombianos”, diz agência. Com o grupo mafioso “Primeiro Comando da Capital” do Brasil”, escreveu a organização internacional. Ainda conforme descrito, o grupo negociava entorpecentes com a facção criminosa atuante dentro e fora dos presídios do Brasil

 

O que diz a Agepen

Em suas alegações pela liberdade de “Dom Pulo, os defensores chamaram a atenção para o tempo em que ele está sob custódia ainda sem condenação.

Dizem, até, que o cliente corre risco de morrer se for mantido em cela prisional, dada sua condição física.

Em resposta, a Agência de Administração do Sistema Penitenciário (Agepen) informou que o interno Jesus Einar Lima Lobo Dorado divide cela para Portadores de Necessidades Especiais (PNEs) com outro preso.

Conforme relatado, faz acompanhamento médico regular e tratamento da obesidade, diabetes e hipertensão. Também recebe acompanhamento psiquiátrico por causa da claustrofobia, informa a nota.

“Além disso, já recebeu a primeira dose da vacina contra a c ovid-19, aguardando o prazo para receber o reforço”, anota a Agência. Fonte: G1

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