28/08/2021 às 19h02min - Atualizada em 28/08/2021 às 19h02min

Após 41 anos, jornal 'Tribuna Popular' deixa de ser impresso em Rondônia

Gazeta Rondônia

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"Parem as máquinas!!" Essa foi a manchete escrita no jornal impresso "Tribuna Popular", que circulou pela última vez em Cacoal (RO) neste fim de semana.

Fundado em 23 de agosto de 1980, o Tribuna Popular foi primeiro jornal impresso da chamada 'Capital do Café', a 480 quilômetros de Porto Velho.

Ao todo, foram 2.122 edições em 41 anos e quase 6 milhões de exemplares impressos, cerca de 140 mil por ano.

1ª edição do Jornal Tribuna Popular, que circulou em Cacoal por 41 anos — Foto: Reprodução

1ª edição do Jornal Tribuna Popular, que circulou em Cacoal por 41 anos — Foto: Reprodução



 

A partir de agora, o jornal será apenas online e, segundo a direção da empresa, vai deixar o 'saudosismo' das pessoas que ainda preferem ler no papel. 

 

A criação do jornal

 

O jornal foi fundado por Adair Antônio Perin, nascido em 9 de março de 1953 na cidade de Chapecó (SC). Filho de pais gaúchos, Perin e sua família mudaram para o Paraná quando ele ainda era criança. Naquele estado, a família vivia basicamente da agricultura, tendo, em curtos períodos, se dedicado a pequenos comércios, como um pequeno hotel e também um bar.

Com menos de um ano morando em Cacoal, Perin notou a ausência de veículos de comunicação na cidade. As informações que chegavam de fora geralmente vinham com atraso. Enquanto isso, as notícias eram transmitidas apenas por um alto-falante.

Presenciando a necessidade de informação por parte dos moradores, Perin decidiu montar um jornal e, em 1980, com apoio da prefeitura, fundou o Tribuna Popular.

Adair foi o fundador do jornal em Cacoal — Foto: Matheus Afonso/Rede Amazônica

Adair foi o fundador do jornal em Cacoal — Foto: Matheus Afonso/Rede Amazônica


 

“A ideia [de montar um jornal] foi logo que eu cheguei. Eu estava acostumado no meio da comunicação e aqui não existia nada. Só existia um serviço de alto-falante, não tinha jornal. O jornal que vinha de Porto Velho chegava uns três ou quatro dias atrasado. Na televisão a programação era toda atrasada. O Fantástico de um domingo a gente assistia no outro domingo e assim por diante. Então a gente viu que tinha essa lacuna e a gente entendia que com um jornalzinho a gente podia ajudar muito, daí a gente teve a ideia de começar este trabalho”, relembra. 

Sendo o primeiro jornal da cidade, o Tribuna incentivou a imprensa local e mostrou ser possível fazer jornal em um local que nem sequer tinha asfalto.

Foram milhares de páginas contando histórias de famílias que deixaram os seus estados de origem e foram atrás de formar um bom lugar de se viver.

Carro de reportagem do jornal impresso Tribuna Popular — Foto: Matheus Afonso/Reprodução

Carro de reportagem do jornal impresso Tribuna Popular — Foto: Matheus Afonso/Reprodução



 

Nesses mais de 40 anos comandando o jornal impresso, Adair Antônio Perin lembra de um velho amigo: o professor Ismael Cury.

"Por tantas vezes ele levou as edições de Tribuna Popular para Brasília (DF) para mostrar o quanto nossa população clamava pelo ensino superior na Capital do Café. Assim Cury o fez, até ter aprovado os primeiros cursos superiores", relembra.


Fim do ciclo impresso

Giliane Perin, jornalista, conta que um o fim da versão impressa foi puxada pela dificuldade de encontrar insumos para a produção do jornal, como tinta e papel por exemplo.

"Muitas indústrias que forneciam esses insumos fecharam, por conta da demanda, que se tornou pequena. Poucos jornais sobraram em todo o Brasil. Um outro fator foi o custo elevado para produzir um material impresso nessas proporções. Agora, Tribuna Popular é somente on-line", aponta.


Equipe do jornal no último dia da edição impressa do Tribuna Popular — Foto: Matheus Afonso/Reprodução

Equipe do jornal no último dia da edição impressa do Tribuna Popular — Foto: Matheus Afonso/Reprodução

 

 

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