25/11/2021 às 17h35min - Atualizada em 25/11/2021 às 17h35min

Sobrinho que matou e arrancou coração da tia tem transtorno bipolar e precisa de tratamento psiquiátrico, diz laudo

Gazeta Rondônia

 

Laudo pericial aponta que Lumar Costa da Silva, de 28 anos, que matou e arrancou o coração da tia, Zélia da Silva, de 55 anos, em julho de 2019, em Sorriso (MT), sofre de transtorno bipolar tipo 1. Ele arrancou o coração da mulher e entregou o órgão para a filha da vítima em uma sacola.

A Justiça estadual aguardava a conclusão do terceiro laudo sobre o estado de saúde de Lumar para ser julgado. O primeiro laudo apontou que ele tem transtorno bipolar, mas não foi conclusivo.

Um segundo laudo foi elaborado. No entanto, a Justiça considerou que foi uma "cópia do primeiro" e também não apresentou a conclusão e nem respondeu aos questionamentos do magistrado.

O segundo laudo sugeriu que Lumar poderia ter uma patologia, destacou que o profissional de saúde que o acompanha na custódia poderia ser mais preciso no diagnóstico.

O terceiro laudo é do médico psiquiatra forense Rafael de Paula Giusti. Ele diz que, segundo as diretrizes da 5° edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5), o homem possui características dessa doença.

"Um comprometimento com humor expansível, autoestima grandiosa e atenção a atividades exacerbadamente aumentadas em um período onde apresenta-se mais loquaz que o habitual, seguidos por um período onde há a presença de um humor deprimido associado a sentimentos de inutilidade e pensamentos de morte caracteriza a doença Transtorno Afetivo Bipolar tipo I", diz trecho do laudo.

Segundo o exame, nos vários tipos do transtorno bipolar, há comprometimento do juízo, da crítica e do autocontrole do paciente. Além disso, na síndrome podem ser observadas alterações ligadas ao aumento de impulsividade, podendo ter um comportamento incisivo e agressivo.

O número de crimes violentos em pacientes com transtorno bipolar foi duas vezes maior do que o observado na população em geral.

Lumar relatou ao psiquiatra que fazia o uso de substâncias psicoativas como o LSD. Pacientes que possuem esse tipo de transtorno e faz o uso dessas substâncias têm 10 vezes mais probabilidade de cometer crimes violentos em comparação com a população geral.

"Não restam dúvidas que o periciando padeça de Transtorno Afetivo Bipolar, conforme descrito anteriormente. E é inevitável considerar que o fato do periciando ter feito uso de substancias alucinógenas no dia do crime contribuiu para agravamento do quadro do humor e desenvolvimento dos sintomas psicóticos relatados", diz a conclusão do laudo.

De acordo com o laudo, Lumar necessita de tratamento psiquiátrico por tempo indeterminado.

 

Relembre o caso

 

Lumar foi preso na noite do dia 2 de julho de 2019, após ter matado a tia dele em Sorriso, a 420 quilômetros de Cuiabá. De acordo com a polícia, ele arrancou o coração da mulher e entregou o órgão para a filha da vítima.

Ela foi morta a facadas dentro da própria casa, no bairro Vila Bela. O homem confessou o crime à família e disse não estar arrependido. Ele ainda levou o coração da vítima e o entregou para uma filha de Maria Zélia.

Ele foi abordado, bastante transtornado, quando andava a pé pela cidade e foi preso pela Polícia Militar na Rua das Videiras.

No dia 10 de julho ele prestou depoimento na Polícia Civil e, ao sair, afirmou à imprensa que ouviu 'vozes' do universo que o orientaram a cometer o crime.

“Eu matei e não me arrependo. Eu ouço o universo, o universo fala comigo sempre e me disse: mata ela logo, ela tem que morrer”, declarou.

Em 17 de julho ele foi transferido do Centro de Ressocialização de Sorriso para a Penitenciária Osvaldo Florentino Leite Ferreira (conhecida como Ferrugem), em Sinop, a 503 km da capital. Ele ainda tentou enforcar um preso durante a transferência.

O sobrinho tinha se mudado para Mato Grosso há quatro dias depois de tentar matar a mãe dele em Campinas, São Paulo. O delegado André Ribeiro classificou rapaz como 'repugnante, monstro e perturbado'.

Lumar é técnico em redes de sistema e morava em São Paulo (SP).

De acordo com a Polícia Civil, Lumar chegou a Mato Grosso no fim de junho para morar com a tia. No mesmo dia em que chegou, o rapaz entregou currículos na cidade. A família diz que ele é considerado uma pessoa inteligente e fala duas línguas.

Maria Zélia abrigou o rapaz, mas o suspeito também começou a causar problemas para a família em Mato Grosso. A tia sabia do desentendimento com a mãe dele em São Paulo. O comportamento dele teria mudado, conforme familiares, depois da briga com a mãe.

Outro fator que influenciou a decisão de Maria Zélia foi a de que o sobrinho é usuário de drogas e começou a usar entorpecente na casa dela. Religiosa, a vítima se sentia incomodada com as atitudes do sobrinho. Fonte: G1


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