Pesquisadores da Ufal (Universidade Federal de Alagoas) fizeram um alerta, em agosto deste ano, para o consumo inadvertido e indevido do antiparasitário ivermectina. O medicamento faz parte do chamado "kit Covid", sem que ofereça qualquer benefício no tratamento ou prevenção da infecção pelo coronavírus.
Em um artigo, os pesquisadores integrantes do NEF (Núcleo de Estudos em Farmacoterapia) analisaram casos de sarna humana (escabiose) resistente à ivermectina, droga usada para este tipo de doença.
“O nosso artigo lança a hipótese de que poderíamos ter problemas com surtos de escabiose resistente, por conta do uso irracional da ivermectina. O surto está configurado, pois está havendo um aumento rápido de casos de lesões de pele com coceira e outros sintomas”, afirma a professora Sabrina Neves, uma das autoras do trabalho, em comunicado divulgado na sexta-feira (26).
Ela se refere a um surto com mais de 250 casos de erupções cutâneas e coceira de origem desconhecida que estão sendo investigados em Pernambuco.
“Ainda não há diagnóstico da doença que está causando o surto. Algumas hipóteses da etiologia [origem] estão sendo testadas, entre elas está a escabiose levantada pelo artigo”.
Os autores salientam que o consumo de ivermectina aumentou em quase dez vezes durante a pandemia.
“O uso irracional de medicamentos é um problema de saúde pública, porém, no caso de antibióticos, antiparasitários e antifúngicos, esse problema ganha proporções maiores. Quando utilizamos de forma irracional/incorreta medicamentos, como a ivermectina, corremos o risco de induzir a resistência do parasita ao medicamento que deveria tratar a doença causada por ele", conclui Sabrina.
Fonte: R7