28/11/2021 às 19h21min - Atualizada em 28/11/2021 às 19h21min

Dezembro vermelho: de sentença de morte a doença tratável

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A Aids foi identificada há 40 anos e o diagnóstico da doença, na época, era encarado como uma sentença de morte. O vírus HIV tem como característica atacar o sistema imunológico humano, responsável pela defesa do organismo. Quanto mais se multiplicava, mais o HIV destruía células de defesa, deixando a pessoa contaminada mais vulnerável a contrair outras doenças.

A pessoa com HIV sofria com os efeitos da pneumonia, sarcoma de Kaposi(um tipo agressivo de câncer) e outras doenças chamadas "oportunistas". Com o sistema imunológico cada vez mais debilitado e sem opção de tratamento contra o HIV, a morte era inevitável.

Nos anos 80 do século passado várias pesquisas descobriram remédios que, quando administrados em conjunto, impediam a multiplicação do HIV no organismo. Isso permitiu, pela primeira vez, que se reduzisse muito a mortalidade da doença.

Em 2020 foram registradas 690 mil mortes por doenças relacionadas à Aids no mundo. Em 2010, foram 1,2 milhões e em 2004, auge da mortalidade da doença, foram 1,8 milhões de mortos. Uma queda de 61%. No Brasil, só entre 2015 e 2019 a queda na mortalidade pela doença foi de 17,1%.

Juan Carlos Raxach, coordenador da área de promoção da saúde e prevenção da  Associação Brasileira Interdisciplinar de AIDS (ABIA), explica que a junção dos medicamentos antivirais poupa o sistema imunológico da pessoa infectada, e impede que o vírus se replique dentro do corpo humano.

“Tem medicamentos que impedem que o vírus entre na célula, que impedem que o vírus se transforme de RNA em DNA, ou que se integram nas cadeias de células de ADN humana ou que terminem seu processo de maturação. São diferentes classes de medicamentos, que se combinam de diferentes formas”, afirma o especialista.

Desde a sua descoberta, o chamado "coquetel anti-Aids" foi cada vez mais aperfeiçoado. Antes, poderiam ser prescritos mais de 10 comprimidos por dia. Atualmente, esse número diminuiu drasticamente, assim como os efeitos colaterais do tratamento.

A questão é que o tratamento não pode ser abandonado, já que ele não leva à cura da Aids. Apenas evita a multiplicação do HIV. “Quando se inicia o tratamento com os retrovirais, você não sabe quando irá parar. Mas, atualmente, se você se infecta e se diagnostica o mais rápido possível e você inicia o tratamento rapidamente, você não desenvolve AIDS, não chega a adoecer, e não transmite o vírus. Isso é muito importante”, destaca Raxach.

Segundo a Organização Mundial da Saúde(OMS), atualmente há 37,7 milhões de pessoas vivendo com o HIV no mundo. Destas, 27,4 milhões tiveram acesso à terapia antirretroviral, outro nome para o coquetel de medicamentos. 

No Brasil, os medicamentos antiretrovirais são distribuidos gratuitamente desde 1996, pelo SUS(Sistema Único de Saúde). O país adota 22 medicamentos em 38 apresentações farmacêuticas para esse tratamento. 

Mas o especialista da Abias destaca que, apesar do sucesso da terapia, a prevenção ainda é muito importante. “Em um país onde se distribui gratuitamente medicamentos, se as pessoas se diagnosticassem realmente e se fossem bem acolhidas e bem acolhidas pelo SUS, não se precisaria morrer. Não se pode morrer 11 mil pessoas por ano, é inadmissível”, completa Raxach. Fonte: R7

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