Nesta última semana do ano, as colunas serão dedicadas ao futuro e às possibilidades (reais) de que a vida de todos nós possa melhorar. Em mais de uma ocasião, falei sobre o Japão como um laboratório onde são testadas soluções para os desafios do envelhecimento da população. Na edição de 11 de dezembro, a revista britânica “The economist” foi além, enfatizando que, como os japoneses já lidam com problemas que ainda vão se abater sobre os outros países, todas as suas ações deveriam ser observadas de perto. São questões de grande porte, como o risco de desastres naturais se tornarem catástrofes, como o acidente nuclear em Fukushima depois de um tsunami; as agruras de ficar “espremido” entre Estados Unidos e China; e, claro, como garantir que a longevidade seja realmente um bônus, e não um ônus, para os cidadãos.
Poucos países têm investido tanto em robótica para contemplar as necessidades dos seres humanos. Essa é uma das boas histórias de fim de ano que tenho para contar. Em Tóquio, no café Dawn (Diverse Avatar Working Network), o público é atendido por robôs muito especiais. Na verdade, são controlados remotamente por pessoas com severas limitações físicas, como pacientes com esclerose lateral amiotrófica. Esses operadores, chamados de “pilotos”, estão em casa, presos a uma cadeira de rodas ou a uma cama, e acionam os robôs via mouse, tablet ou controle pelo olhar.
A abertura do café aconteceu em junho, em Nihonbashi, distrito comercial de Tóquio, e é relativamente comum que engenheiros do Laboratório Ory, startup por trás do projeto, circulem pelo salão aperfeiçoando o experimento. A iniciativa ganhou o prestigioso Good Design Award 2021 e é uma lição de como a inteligência artificial pode significar inclusão e interação. Os robôs Ory também são utilizados em lojas de departamentos, nas quais saúdam os clientes e servem como guias, e em estações de transporte.
A longevidade deve ser celebrada, mas isso não ocorre se os idosos estão debilitados e solitários. Nações que estão envelhecendo rapidamente, como é o caso do Brasil, poderão se beneficiar com as iniciativas que vêm sendo implementadas no Japão. Por volta de 2050, uma em cada seis pessoas no planeta terá mais de 65 anos. O governo japonês tem pressa: quer seus cidadãos saudáveis e ativos pelo maior tempo possível, e tem estimulado as empresas a manter seus funcionários até os 70 anos. Atualmente, 33% dos japoneses entre 70 e 74 trabalham, enquanto o percentual era de 23% há uma década. A Sociedade de Gerontologia daquele país quer, inclusive, reclassificar a faixa etária entre 65 e 74 anos como “pré-velhos” – uma espécie de "pré-adolescência" da velhice. Fonte: G1