A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) confirmou nesta quarta-feira (12) o terceiro surto do fungo multirresistente Candida auris no Brasil.
O caso envolve um hospital público de Pernambuco, e as análises foram feitas pelo Laboratório Central de Saúde Pública da Bahia.
Segundo a agência, "o hospital estabeleceu as medidas de precaução e adotou ações para prevenção e controle do surto".
Além disso, o comunicado da Anvisa informa que "a Coordenação Estadual de Prevenção e Controle de Infecção de Pernambuco foi notificada a respeito do caso suspeito, realizou visita técnica ao hospital e está prestando orientações, monitorando o surto e apoiando as ações de prevenção e controle de infecção".
Dois casos suspeitos no hospital foram testados — um homem de 67 anos e uma mulher de 70 anos —, sendo que o resultado de um deles deu positivo para C. auris.
A Candida auris é uma espécie de fungo emergente e multirresistente que tem causado surtos recentes em hospitais nos últimos anos, é difícil de identificar e de ser tratado, segundo o Manual MSD de Diagnóstico e Tratamento.
A Anvisa acrescenta que esse tipo de fungo produz biofilmes que não respondem ao tratamento com antifúngicos tradicionais, como fluconazol, anfotercina B ou equinocandinas, em até 90% dos casos.
Esse patógeno pode provocar infecção de corrente sanguínea e outras infecções invasivas, inclusive com risco de morte em pacientes imunodeprimidos ou com comorbidades.
A C. auris também é capaz de permanecer viável (em condições de infectar seres humanos) por semanas ou até meses, sendo resistente a diversos produtos de limpeza, como os que utilizam quaternário de amônio na fórmula.
"Pacientes que foram hospitalizados em uma unidade de saúde por muito tempo, têm um cateter venoso central ou outras linhas ou tubos entrando em seu corpo, ou que receberam antibióticos ou medicamentos antifúngicos anteriormente, parecem estar em maior risco de infecção por essa levedura", afirma o CDC (Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos).
Ainda há poucos dados sobre quem teria mais risco de infecção, mas o CDC lista também pessoas que passaram por cirurgia recente, diabéticos, pacientes em uso de antibióticos de amplo espectro ou de antifúngicos.
"Infecções foram encontradas em pacientes de todas as idades, desde bebês prematuros até idosos", descreve o órgão.
A agência brasileira salienta que esse um fungo que tem "propensão para causar surtos em decorrência da dificuldade de identificação oportuna pelos métodos laboratoriais rotineiros e de sua difícil eliminação do ambiente contaminado".
Nos EUA, o CDC recebeu, somente em 2018, notificações de 323 casos de infecção por C. auris, dos quais 90% eram resistentes ao tratamento com uma classe específica de antifúngico. Destes 90%, 30% não respondiam a duas classes de medicamentos. Fonte: R7