15/02/2022 às 10h30min - Atualizada em 15/02/2022 às 10h30min

"Eu sou um milagre, estou vivo”, diz jovem que superou o câncer

Aos 22 anos, Ítalo tocou o Sino da Vitória no Hospital Oncológico Infantil, após se recuperar de um Sarcoma de Ewing

Gazeta Rondônia
Assessoria

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Ítalo e sua mãe comemorando a vitória. Foto: Comunicação Pró-Saúde

A história do jovem Ítalo Ramon Nascimento, de 22 anos, é um exemplo de superação.  No mês em que é celebrado o Dia Internacional de Luta Contra o Câncer Infantil (15 de fevereiro), a experiência dele evidencia, principalmente, o êxito no tratamento quando o câncer infantil é descoberto precocemente. 

De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca), no Brasil, a estimativa de câncer infantojuvenil para o período de 2020 a 2022 é de 8.460 casos novos por ano em crianças abaixo de 19 anos de idade. 

Aos 15 anos, o jovem, natural do Município de Carutapera, no Maranhão, sentiu os primeiros sintomas, um desconforto ao respirar, que foi se intensificando. “Já no meio do ano, comecei a sentir dores no peito mais intensas e no lado direito das costas. Eu não conseguia dormir nem sentar direito”, conta o jovem.

Sem uma investigação profunda sobre as causas das dores, a mãe do jovem, que estava atenta aos sinais de alerta da doença, saiu em busca de serviços de maior complexidade na capital maranhense, onde exames de imagem em que identificaram uma massa de 4 centímetros próximo ao pulmão de Ítalo. 

A família optou então por buscar atendimento especializado em Belém, já que a capital paraense é mais próxima de sua cidade natal. Foi no Pará que ele recebeu o diagnóstico de Sarcoma de Ewing, tipo de câncer que começa nos ossos ou nos tecidos moles e costuma ocorrer em crianças e adultos jovens.

Em março de 2016, Ítalo foi encaminhado ao Hospital Oncológico Infantil Octávio, unidade gerenciada pela Pró-Saúde em Belém e principal referência em câncer infantojuvenil no Norte do país. 

A unidade, que pertence ao governo do Estado do Pará, oferece atenção a crianças e adolescentes com câncer entre 0 e 19 anos, atendendo cerca de mil pacientes por mês. Em 2021, o hospital realizou mais de 341 mil atendimentos entre serviços ambulatoriais, consultas, exames, cirurgias, quimioterapias, dentre outros. 

 

Desafios


Durante o tratamento, o jovem enfrentou uma série de desafios, como a saudade dos amigos, dos familiares e a pausa nos estudos. “Quando eu fazia quimioterapia, era desse jeito: a mente queria, mas o corpo não acompanhava. Eu tive algumas reações alérgicas, outras vezes eu sentia arritmia cardíaca. Enfim, foram dias bem difíceis", relembra.

A enfermeira Vanúbia Lima, do Serviço Ambulatorial do Oncológico Infantil, foi a primeira colaboradora da área assistencial do hospital a ter o contato com o jovem. Foi ela também a responsável pela continuidade do tratamento de Ítalo em um momento desafiador, quando a doença o deixou muito debilitado.  

“Fiquei muito preocupada dele ter faltado em algumas etapas do tratamento e, por meio do programa de busca ativa do hospital, fizemos contato, via telefone”, conta. “Ele estava no Maranhão e, a partir da nossa conversa, com apoio especial da mãe dele, conseguimos que ele retornasse à unidade para receber os cuidados e prosseguir com o tratamento”, relembra a enfermeira.

 

Vitória


Depois de passar pelo período de cinco anos fazendo o acompanhamento médico regular, no último dia 2 de fevereiro, o jovem compareceu a sua última consulta agendada no hospital, onde recebeu a melhor notícia: a alta definitiva.

Ítalo foi o 60º paciente a dar as badaladas do Projeto Sino da Vitória, cerimônia que celebra a alta médica no Hospital Oncológico Infantil, marcada por emoção e agradecimento, com a batida de sino. 

Após anunciar sua vitória na luta contra o câncer, com uma história de superação e recomeço, o jovem fez questão de agradecer a todos os profissionais que atuam na assistência de crianças e adolescentes. 

"O melhor de tudo é que estou aqui contando a minha história. Eu sou um milagre, estou vivo”, celebra o jovem, que pretende dar sequência ao curso de Nutrição.
 
Para celebrar o Dia Internacional de Luta Contra o Câncer Infantil, nesta terça-feira, o Hospital Oncológico Infantil contará com uma programação especial, com uma roda de conversa com especialistas e ação teatral sobre alimentação saudável para os pequenos. 

 

A importância do cuidado


A médica oncologista pediátrica Sweny Marinho, do Hospital Oncológico Infantil, ressalta o cuidado necessário quando o assunto é a saúde do público infantojuvenil. 

“Sempre digo que é muito importante que os pais e responsáveis tenham um olhar mais atento no cuidado com as crianças e jovens, para identificar os mínimos sintomas daquilo que possivelmente esteja errado. Sem isso, é impossível obter sucesso para um diagnóstico precoce”, afirma a médica.

Os tumores mais frequentes na infância e na adolescência são as leucemias (que afetam os glóbulos brancos), os que atingem o sistema nervoso central e os linfomas (sistema linfático).

Também acometem crianças e adolescentes o neuroblastoma, tumor de células do sistema nervoso periférico, frequentemente de localização abdominal; tumor de Wilms, tipo de tumor renal; retinoblastoma, afeta a retina, fundo do olho; tumor germinativo, das células que originam os ovários e os testículos; osteossarcoma, tumor ósseo; e sarcomas, tumores de partes moles.

Ainda de acordo com a oncologista pediátrica, os sinais e sintomas do câncer infantojuvenil se confundem com os sinais de doenças que costumam aparecer no período da infância, como infecções, dificultando o diagnóstico correto. “Por isso, há necessidade de um olhar treinado e apto a identificar mínimas alterações”, reforça Sweny. 

 

A médica destaca alguns dos principais sintomas de alerta: 


- Palidez e hematomas;

- Aumento do abdômen; 

- Persistência de dores de cabeça acompanhada de vômito, que ocorrem pelo período da manhã; 

- Perda de peso sem explicação; 

- Dor em membro ou dor óssea;

- Sangramento na gengiva; 

- Tonturas;

- Pupila branca, manchas ou inchaço ao redor dos olhos; 

- Cansaço, sonolência ou mudanças de comportamento; 

- Caroços ou inchaços (indolores e sem febre); 

- Infecções, febre e tosse persistentes, e suor excessivo à noite.

Texto e Foto: Comunicação Pró-Saúde.

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