Conhecido como construtor da casa-avião, Geraldo Araújo, de 66 anos, desde o início da pandemia do novo coronavírus em Rondônia tem ficado apenas em casa, na zona rural de Porto Velho. E para ocupar o tempo durante o isolamento, Geraldo decidiu investir no término de um simulador no modelo de avião executivo Phenom 100.
Seu Geraldo, que caiu nas graças dos portovelhenses em 2017 pela construção da casa-avião no quintal de casa, dessa vez se dedicou em terminar o segundo modelo de uma aeronave. Cada detalhe — manete, aceleradores, flaps, trem de pouso — antes de ser instalado na estrutura de ferro, foi pensado minuciosamente pelo aposentado.
Geraldo explicou que antes da pandemia já estava trabalhando na construção do novo modelo. Porém, com o isolamento social foi imposto, por questões de segurança, que ele ficasse mais tempo em casa e com isso se dedicou por inteiro ao simulador Phenom 100.
"Nesse eu trabalhei praticamente sozinho. Eu mesmo que soldei algumas peças. Sei que não completei ele todo, ainda faltam as duas telas das janelas do lado", conta Geraldo destacando que o novo modelo tem nove metros de comprimento.
"Eu quero voar"
Com dois "aviões" Geraldo conta que sonha em poder construir um helicóptero. Ele fala que não se trata dos modelos em si, mas de um desejo que o acompanha desde a infância.
"Eu quero voar! Sei que tenho um desejo diferente. Quero muito realizá-lo para me sentir completo. Meu sonho é poder fazer alguns voos simulando um cenário real. Vou construir um helicóptero. Como eu moro no mato, imagina só a pessoa entrando no meu helicóptero e pousando lá no Espaço Alternativo. Ela não vai voar de verdade, mas vai sentir que está voando", comenta.
A obra da casa-avião teve um investimento de R$20 mil, já o simulador o gasto foi de R$ 40 mil. "Sonhar é a melhor parte. Já tiveram pessoas que quiseram comprar o avião, mas valor ainda não cotei. Com certeza, o mais importante é ver o sonho se tornando realidade", diz.
Todo o custo da casa-avião é feito por Geraldo, que é técnico em eletrônica.
A construção chamou a atenção da equipe da Embraer, fabricante do modelo, que decidiu sair de São José dos Campos (SP) para conhecer de perto a aeronave de Seu Geraldo, na área rural da capital.
A visita da equipe Embraer à casa-avião aconteceu no início deste mês e além de presentes, como camiseta e boné personalizado, Geraldo teve o reconhecimento do simulador Phenom, construído por ele.
"Estou radiante com a visita da equipe da Embraer. É o reconhecimento da própria empresa que conheço há muitos anos e agora, com esse modelo, que é da Embraer".
A réplica chamou a atenção da equipe pela riqueza em detalhes, que são semelhantes a aeronave original. Segundo membros da Embraer, desde a pintura externa a cockpit, incluindo uma réplica das telas do 'Garmin Prodigy Touch'.
Em uma rede social, um dos membros disse ter ficado surpreso pelo fato de Geraldo não ter estudo técnico na área de aviação. Ele destacou a paixão do idoso pela aeronave.
"Não, ele não é engenheiro, não é projetista, não tem estudo na aviação, nunca esteve perto de um Phenom 100 de verdade, mas se apaixonou pela máquina quando viu uma propaganda dela na internet", comentou.
Além da visita, Geraldo também ganhou uma viagem, com direito a acompanhante. A ideia é levá-lo para conhecer a Embraer e o modelo do avião executivo Phenom 100 de perto, além de outros modelos da fábrica.
Phenom 100
O Phenom 100 teve a sua primeira entrega em dezembro de 2008 e conta com mais de 500 aeronaves entregues do modelo (incluindo a versão 300). Designado na categoria Very Light Jet, o Embraer Phenom 100 conta com a capacidade de transporte para até sete passageiros, com tripulante único e possui um alcance de 2.182 km ao transportar quatro ocupantes. (G1).