29/06/2022 às 16h45min - Atualizada em 29/06/2022 às 16h45min

Pioneira de Cerejeiras é a primeira mulher a obter carteira de pesca e de piloto profissional no Brasil

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Divina e oficial da Marinha durante evento de renovação de sua carteira de piloto fluvial

Quem conhece a primeira vista a figura franzina e aparentemente frágil da dona de casa Cerejeirense Divina das Graças de Oliveira, 73 anos, não imagina a vitalidade e experiência que a pioneira carrega em sua bagagem.

Nascida em um pequeno vilarejo de pescadores no município de Ituiutaba, estado de Minas Gerais, aprendeu o oficio da pesca e se tornou piloto de embarcação acompanhando seu pai na atividade pesqueira desde os 10 anos de idade.

Dona Divina é a primeira mulher no Brasil a obter uma carteira de pescadora profissional emitida pelo Ministério da Agricultura por meio da Superintendência do Desenvolvimento da Pesca -SUDEPE. O documento é datado de 20 de abril de 1981, data em que ela esteve pessoalmente na sede do órgão em Brasília, depois de encarar horas de viagem dentro de um ônibus e passar a madrugada em um terminal rodoviário na capital federal. Os servidores da SUDEPE entregaram o documento após fazer uma longa sabatina e deixaram claro que, Divina, era naquele momento a primeira mulher a receber o documento oficial.


 

Após ter em mãos a carteira de pescadora oficial, dona Divina procurou a sede da Marinha do Brasil em Brasília e solicitou a emissão da carteira de piloto de embarcação profissional, onde de imediato teve seu pedido negado, mas após sua insistência e apresentar o documento emitido pela SUDEPE foi novamente desafiada a responder diversos questionários apresentados pelos Oficiais da Marinha que inicialmente desdenharam do pedido apresentado. Surpresos com as respostas que comprovaram o conhecimento e experiência na atividade náutica, recebeu no ato sua carteira de piloto profissional emitida pela Capitânia Fluvial da Marinha do Brasil, fato inédito até aquela data.
 
Divina das Graças é mãe de 5 filhos e tem 6 netos, mudou-se juntamente com seu marido (já falecido), filhos e irmãos para o município de Cerejeiras em 1982, onde reside até hoje na Rua Sergipe no bairro Maranata.
 

“Me recordo que alguns meses após nós chegarmos aqui em Cerejeiras, houve a primeira eleição para escolha do prefeito e eu e minha família votamos no seu Adelino Neiva que foi eleito e administrou o município”. Relembra com entusiasmo.


A pioneira que é costureira profissional foi a responsável pela confecção do uniforme da primeira fanfarra do município de Cerejeiras e recebeu muitos elogios e clientes que gostaram da combinação de cores e perfeito acabamento.


Atualmente dona Divina ainda gosta de praticar a pesca no rio Guaporé no município de Pimenteiras do Oeste, onde moram seus irmãos e parte dos familiares e para exercer a atividade resolveu renovar sua carteira de piloto profissional nesta quarta-feira (28) junto aos oficiais da Capitânia Fluvial de Porto Velho, que estiveram em Cerejeiras para emissão e renovação dos documentos de navegação aquática.
 
Seu irmão José Antônio de Oliveira, 64 anos, músico e cantor, pioneiro do município de Cerejeiras (RO), conhecido popularmente como “Célio Preto” morreu no dia 30 de dezembro de 2020.

 

“O Célio Preto era um baita companheirão que não saia aqui da minha casa, muito parceiro, amigo e prestativo com todos, meu irmão deixou muitas saudades”. Finalizou a pioneira.

Crédito de Imagens: Dione Weider.

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