Um advogado de Rondônia está entre os 50 presos pela Polícia Federal (PF) em Rondônia durante a operação Conúbio, iniciada na última terça-feira (20). A ação foi contra criminosos que atuam no tráfico de drogas no estado.
Segundo informações, o advogado preso era faccionado do PCC e sua 'função' dentro da organização era facilitar a comunicação entre integrantes presos e os líderes da facção em Rondônia.
A polícia descobriu que o homem usava sua carteira da OAB para acessar presídios estaduais e lá pegava "recados" de faccionados para levá-los aos integrantes da facção que estão soltos.
Durante um mandado cumprido no endereço do advogado, os policiais encontraram dezenas de cartas escritas por presidiários e enviadas aos líderes do PCC.
Muitas destas cartas eram 'aperfeiçoadas' pelo advogado para ajudar os faccionados destinatários, inclusive com digitação correta das palavras no WhatsApp ou envio de áudios transcrevendo fielmente as frases da carta.
Uma conversa na qual o g1 teve acesso mostra que um faccionado enviou, através do aplicativo de mensagem, a foto de uma carta pedindo para o conteúdo da mesma ser repassada a um homem conhecido como 'Sintonia'.
Na carta, o faccionado preso no Presídio 470, em Porto Velho, reclama por ter sido isolado por tempo indeterminado em uma cela (após a decisão da direção da unidade).
O detento escreve ainda que na unidade prisional há outros 'sete inimigos' e os mesmos estariam apenas a uma cela de distância (leia uma das cartas abaixo).
A investigação, que corre em sigilo, aponta que de fato o advogado repassou o recado aos líderes da facção.
A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), seccional de Rondônia, divulgou nota nesta quarta-feira (21) confirmando ter ciência da prisão de um advogado pela PF. A instituição diz ter seguido todo o procedimento padrão, e prestou assistência ao profissional.
"A Seccional de Rondônia da Ordem dos Advogados do Brasil, por sua Diretoria, vem a público se manifestar sobre o caso do advogado suspeito de fazer parte de uma organização criminosa. Inicialmente, ao tomar conhecimento do fato, a Ordem seguiu o protocolo padrão, ou seja, prestou assistência ao profissional, na defesa de suas prerrogativas profissionais, por meio da Comissão de Defesa das Prerrogativas. Ao mesmo tempo, por meio do Tribunal de Ética e Disciplina, tem realizado o controle ético-disciplinar da respectiva conduta. Neste caso, o processo corre em sigilo, como determina a lei, mas o desfecho poderá ser oportunamente acessado, ao final, quando houver decisão definitiva", diz a nota.
A 1ª Vara de Delitos de Tóxicos de Porto Velho expediu 104 mandados judiciais, sendo 50 de prisão e 54 de busca e apreensão contra integrantes do PCC.
Os mandados foram cumpridos na terça-feira (20) nas cidades de Porto Velho, Ariquemes, Cujubim, Cacoal, Espigão D’Oeste, Vilhena.
Segundo a PF, a denominada facção era responsável por fazer o tráfico de drogas interestadual a partir do estado. Dentro da organização havia uma estrutura onde cada integrante tinha a sua 'tarefa'.
O esquema foi descoberto em agosto do ano passado, após análise dos materiais colhidos através de outra operação, a Ônix.
À época, a PF e Departamento Penitenciário Federal (DEPEN) buscavam apurar uma tentativa de homicídio contra um suposto PRF. O crime tinha sido planejado pela facção criminosa de Porto Velho.
Diante dessa investigação, a PF descobriu que "os integrantes do grupo criminoso se reuniam, de forma constante, em conferências coordenadas pelos líderes sediados no estado de São Paulo".
De São Paulo, a organização criminosa controlava o tráfico de drogas no norte do país. "A equipe de investigação acompanhou de perto toda ação da organização criminosa nesse período", diz a PF..
Ainda conforme aponta as investigações da operação Conúbio, os integrantes se mantêm unidos para fazer outros crimes em Rondônia, alguns deles planejados de dentro de presídios. Fonte: G1