16/10/2022 às 12h58min - Atualizada em 16/10/2022 às 12h58min

Há 32 anos Olavo Pires era brutalmente assassinado durante a disputa do segundo turno das eleições em Rondônia

Gazeta Rondônia
Victória Bacon

Olavo Gomes Pires Filho nasceu em 1938 e foi assassinado aos 52 anos, em 16 de outubro de 1990, no auge do segundo turno das eleições para o Governo de Rondônia, após alguns dias depois de vencer o primeiro turno da eleição para governador de Rondônia, em 1990. Com isso, o segundo turno foi disputado entre Valdir Raupp e Osvaldo Piana, segundo e terceiro colocados respectivamente.

A jornalista Victoria Bacon rememora os últimos acontecimentos envolvendo a morte do personagem político que se transformou em lendas e narrativas em Rondônia.

Nuvens espessas cobriram o céu de Porto Velho na noite de 16 de outubro de 1990. Ainda se sentia o odor da chuva na capital de Rondônia quando uma queda de energia elétrica na Avenida Governador Jorge Teixeira escureceu a sede da Vepesa, loja de máquinas pesadas e implementos agrícolas da família Pires. Restou uma iluminação precária, produzida por geradores.

Os faróis de uma D20 Veraneio, quatro portas, vermelha com listras em azul e branco, jogaram um clarão sobre cerca de cinquenta pessoas aglomeradas em frente ao prédio da empresa. O grupo abriu passagem para o automóvel subir a calçada e estacionar sobre a rampa de acesso ao prédio.

O senador Olavo Pires fechou o vidro elétrico, desceu pela porta dianteira, saudou os presentes com o braço erguido e andou na direção dos professores da rede estadual, que o aguardavam. Não chegou a dar o quinto passo. Uma rajada de tiros de submetralhadora 9 milímetros interrompeu a caminhada.

Os disparos atingiram Olavo pelas costas, de baixo para cima, em diagonal. O atirador saíra detrás da Veraneio. As dezenas de professores se dispersaram aos gritos, em pânico, numa correria sem rumo. Um dos projéteis feriu na perna uma das professoras.

O assassino segurava a arma envolvida num pano escuro. Não escondia o rosto: era magro, tinha pele clara, cabelos grisalhos até os ombros e estatura mediana. Avançou na direção da vítima. Olavo agonizava no chão, com o rosto voltado para o chão, tombado numa poça de sangue. O criminoso mirou a vítima com um olhar fixo, assustador. Descarregou nova sequência de tiros, dessa vez de cima para baixo.

Ainda de arma na mão, o homem afastou-se sem dar as costas para o corpo estendido. Fez novos disparos para evitar que algum curioso se aproximasse. A frieza do olhar intimidava tanto quanto a submetralhadora em punho. O assassino deixou a cena do crime.

A agilidade das pernas, porém, não era a mesma do gatilho. O assassino fugiu a passos curtos e lentos. Manco, arrastava a perna esquerda. Sem ser incomodado, ultrapassou as três faixas da via e entrou num Gol branco, estacionado do outro lado da avenida.

O carro arrancou na contramão da Avenida Governador Jorge Teixeira e virou à esquerda para se perder numa pista enlameada.

Finalmente, depois de 19 anos de seu assassinato, a polícia prendeu um dos acusados de sua execução. Godofredo Passos Ferreira foi preso em 12 de agosto de 2009, no Rio de Janeiro.



Fonte: Victória Bacon.
 

 


Notícias Relacionadas »
Comentários »