O último pronunciamento oficial de Jair Bolsonaro desapontou enormemente seus apoiadores mais radicais, que estão acampados há quase 60 dias em portas de quartéis espalhados pelo país esperando ‘uma ordem’ que nunca chegou, a de liderar um golpe de Estado.
Bolsonaro falou por pouco mais de 50 minutos, fez um balanço de seus quatro anos de governo, omitiu dados, distorceu números e mascarou o desastre econômico que foi sua gestão. Relembrou o episódio da facada durante a campanha eleitoral de 2018 e repetiu várias vezes que ‘deu o sangue e a vida pelo Brasil’.
A live foi dividida em duas partes, a primeira foi sobre seu governo, e a segunda tentou justificar a seus apoiadores o fato de não dar um golpe, ‘preciso ter apoio de outras instituições, como Congresso e judiciário’. Alegou ser vítimas de ‘ataques da imprensa até quando fica quieto’, e mentiu, ao afirmar que ‘o novo governo vai taxar o Pix’. As novas regras de uso divulgadas pelo Banco Central essa semana estabelecem apenas mudanças nos limites e horários.
Bolsonaro, sem citar nomes, também criticou uma fala do fundador do partido Novo, João Amoedo, que declarou ‘não ter feito o L, mas votado apenas para tirar o B’, referindo-se ao fato de ter feito duras críticas a Bolsonaro durante a campanha eleitoral.
Jair Bolsonaro também evitou atacar as urnas eletrônicas e o sistema eleitoral, mas alfinetou afirmando que ‘não foi uma campanha parcial’, queixando-se das medidas adotadas pelo TSE pelos abusos que sua campanha promoveu, “até minhas lives em casa foram proibidas’. Na verdade, o TSE o proibiu de usar o Palácio da Alvorada como cenário, já que se trata de um prédio público, o que é vetado pela legislação.
Durante a live, Bolsonaro se emocionou e chorou várias vezes.
Logo no início de sua fala, ele se queixou de que atitudes de violência política no país são sempre atribuídas a “bolsonaristas”.
No entanto, George Washignton, o homem preso pela bomba, relatou à polícia que participou de atos antidemocráticos realizados por apoiadores do presidente. Disse ainda que sua intenção era iniciar o “caos” e que agiu por motivação política. A bomba não chegou a explodir.
“Hoje em dia, se alguém comete, um erro é bolsonarista. Nada justifica, aqui em Brasília, essa tentativa de ato terrorista na região do aeroporto”, afirmou o presidente.
“O elemento que foi pego, graças a Deus, que não coaduna com nenhuma situação, mas classificam como bolsonarista. É o modo de tratar”, completou.
Ele também falou sobre a vinda do presidente da Venezuela Nicolas Maduro para a posse de Lula, no domingo, “vai estar aqui”. O que ele não disse é que nesta sexta-feira o Diário Oficial da União publicou a revogação da portaria de 2019, assinada por Sérgio Moro. E essa é uma decisão do presidente.
Veja abaixo a íntegra do último pronunciamento de Jair Bolsonaro como presidente. Ele deve embarcar ainda nesta sexta-feira para os Estados Unidos: