A moradora de Manaus (AM) Valéria Reis, de 44 anos, reencontrou o filho que estava desaparecido há mais de um ano, em Poxoréu, a 259 km de Cuiabá, no dia 5 deste mês. Lucas Reis, de 27 anos, saiu da casa onde mora com os pais, em Manaus, em março de 2022 e não deu mais notícias.
Até os 23 anos Lucas era um jovem tranquilo e cursava ciências biológicas na Universidade Estadual do Amazonas e nunca teve envolvimento com drogas, álcool ou criminalidade, segundo a família.
No entanto, de acordo com Valéria, após um trauma, o comportamento do filho mudou. Depois de muita resistência, a mãe conseguiu levá-lo ao médico e começar um tratamento psiquiátrico.
“No começo, ele apresentou quadro de depressão e passou a tomar remédio, mas o caso continuava a ser investigado pelos médicos. Ele abandonou o tratamento duas vezes e, numa dessas, saiu de casa carregando apenas uma mochila e não tivemos mais notícias”, contou.
Lucas tinha o hábito de ficar no quarto e os pais pensavam que ele estava lá, mas, após chamarem o filho por várias vezes e não terem resposta, resolveram abrir a posta. “O pai dele arrombou a porta e percebemos que ele havia trancado por dentro e saído pela janela”, explicou.
Uma vizinha cedeu as imagens do circuito de segurança e a família conseguiu saber o horário exato que o jovem saiu. No mesmo dia, começaram as buscas. Vários veículos de comunicação divulgaram o desaparecimento do rapaz e postagens foram feitas nas redes sociais, mas não conseguiram nenhuma informação sobre o paradeiro de Lucas.
Depois de um ano, Lucas chegou a Poxoréu e permaneceu nas imediações da MT-130 por algum tempo, até chegar na porteira de uma fazenda, na noite do dia 5, e foi acolhido pelo genro de um funcionário da fazenda, Thiago Aquino.
De início, Lucas foi informado que não poderia ficar ali, mas alegou que estava perdido. Thiago tentou conversar com Lucas para saber mais sobre ele, por uma questão de segurança, pois estavam em uma zona rural. Ele decidiu chamar o sogro e, enquanto isso, foi conversando com Lucas.
Após a chegada do sogro, eles olharam a mochila dele. Viram que tinha apenas uma pasta com documentos, um garfo e uma colher. Com os documentos de Lucas em mãos, ligaram para a polícia, mas não havia denúncias contra ele.
Com a confirmação de que não se tratava de um criminoso, deram água, comida e o levaram a um restaurante próximo à MT-130.
Enquanto Thiago e o sogro levavam Lucas de volta à estrada, Bruna Gomes, mulher de Thiago, se compadeceu da situação e decidiu fazer mais buscas na internet, quando achou uma publicação em uma rede social com contatos da família.
O dono da fazenda, após ser informado da situação, também encontrou um boletim de ocorrência de desaparecimento. Apesar de ser mais de 22h, Bruna mandou uma mensagem para Valéria e conseguiu avisar que Lucas estava em Mato Grosso.
“Chorei tanto nesses dias que agora que meu rosto está desinchando. Quando recebi aquela ligação, meu coração se encheu de esperança. Esse foi o melhor Dia das Mães”, declarou a mãe.
Quando Thiago e o sogro retornaram à fazenda, Bruna contou que havia encontrado a mãe de Lucas. Voltaram à rodovia onde o rapaz havia ficado, mas ele já não estava no local.
Com a ajuda da agentes da Concessionária Morro da Mesa e de conselheiros tutelares de Poxoréu, Lucas foi localizado no dia seguinte. Valéria já estava se organizando para conseguir chegar a Poxoréu.
O jovem foi levado para um abrigo e depois para um hospital, onde permaneceu até a chegada da mãe dele. Por ser um caso psiquiátrico, ele foi transferido para o Hospital Paulo de Tarso, em Rondonópolis.
Valéria afirmou que continuará em Poxoréu até que possa levar o filho de volta para casa.
“Ele é um menino bom, dá para ver no jeito dele. Não é agressivo, é inteligente, educado, e merece muito ser feliz. Torço para que o tratamento dele dê certo. Espero que essa história mostre às pessoas que precisamos cuidar uns dos outros, olhar para o próximo com mais compaixão”, disse Bruna.
De acordo com o Sistema Nacional de Localização e Identificação de Desaparecidos, até 2020, 80 mil pessoas eram consideradas desaparecidas.
Ao encontrar uma pessoa em situação de transtorno, surda ou perdida, a primeira ação, segundo orientação dos agentes sociais, é comunicar a polícia e o órgão de assistência social mais próximo. Fonte: G1