A Polícia Federal cumpre nesta sexta-feira (11) quatro mandados de busca e apreensão em uma operação de combate a crimes de peculato e lavagem de dinheiro ligada ao caso das joias recebidas pelo ex-presidente Jair Bolsonaro de governos estrangeiros. O general Mauro César Lourena Cid, pai do ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro Mauro Cid, é um dos alvos da operação.
Outros alvos da operação seriam o tenente do Exército Osmar Crivelatti e o ex-advogado da família Bolsonaro Frederick Wassef. Os investigados são suspeitos de vender joias e presentes oficiais recebidos pelo ex-presidente. De acordo com a PF, eles teriam utilizado "a estrutura do Estado brasileiro para desviar bens de alto valor patrimonial, entregues por autoridades estrangeiras em missões oficiais a representantes do Estado, por meio da venda desses itens no exterior".
Segundo a PF, as quantias obtidas com essas operações "ingressaram no patrimônio pessoal dos investigados, por meio de pessoas interpostas e sem utilizar o sistema bancário formal, com o objetivo de ocultar a origem, localização e propriedade dos valores". A Polícia Federal não informou o valor que os suspeitos teriam obtido com a venda das joias e presentes.
Joias avaliadas em R$ 16,5 milhões e escultura dourada de um cavalo de aproximadamente 30 centímetros estão entre os objetos apreendidos pela Receita Federal no aeroporto de Guarulhos (SP), em outubro de 2021, com um assessor que trabalhou durante a gestão de Jair Bolsonaro (PL).
Mauro Cesar Lourena Cid é general e foi da mesma turma do ex-presidente Jair Bolsonaro na Academia Militar das Agulhas Negras, em Resende (RJ), na década de 1970.
A operação, que cumpre um mandado em Niterói (RJ), um em São Paulo e dois em Brasília, foi autorizada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no âmbito do inquérito que investiga as ações das chamadas milícias digitais.
R7 teve acesso a mensagens de Mauro Cid negociando Rolex
E-mails em posse da comissão mostram que o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro tentou vender um relógio da marca Rolex recebido em uma viagem oficial do ex-presidente Jair Bolsonaro à Arábia Saudita.
Em outra mensagem, Cid enviou orientações ao coronel Wagner Oliveira da Silva, militar que integrava a comissão do Ministério da Defesa que fiscalizou e acompanhou a apuração dos votos nas eleições de 2022. No e-mail, ele sugere ações para "aperfeiçoar a segurança e transparência das urnas eletrônicas".
Diante das novas informações, o presidente da comissão, o deputado Arthur Maia (União-BA), defendeu uma nova convocação do militar. Cid já compareceu à CPMI, mas se recusou a responder às perguntas.
Pais de Mauro Cid movimentaram cerca de R$ 2,5 milhões
Um relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) que chegou à CPMI do 8 de janeiro informa que os pais do tenente-coronel do Exército Mauro Cid movimentaram cerca de R$ 2,5 milhões em transações atípicas em um período de 15 meses. Cid está preso desde maio por suspeita de fraude em cartões de vacinação.
O relatório, que está sob sigilo, diz ainda que Agnes Barbosa Cid e Mauro Cesar Lourena Cid fizeram envio atípico de valores para o exterior. Com isso, a CPMI pediu a quebra do sigilo bancário, fiscal e de inteligência financeira do casal, com a disponibilização de extratos e detalhes das movimentações.
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