06/09/2023 às 12h18min - Atualizada em 06/09/2023 às 12h18min

Covid-19 está associada ao aumento de bactérias resistentes na microbiota intestinal

Gazeta Rondônia

Uma pesquisa mostra pela primeira vez a associação entre Covid longa e alterações no funcionamento da microbiota intestinal. Mesmo quadros leves ou assintomáticos de Covid-19 estão relacionados à maior presença de bactérias resistentes a antibióticos no intestino quando comparados a indivíduos saudáveis. São constatações que pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e outros de instituições brasileiras e estrangeiras apontam em artigo publicado na revista “Gut Microbes” nesta terça-feira (5).

Foram observadas as amostras fecais de dois grupos de 131 voluntários, divididos entre aqueles que foram infectados pelo vírus da Covid-19 anteriormente e os que não tiveram a doença, verificando maior número de bactérias resistentes nas fezes no primeiro grupo. As pessoas que se voluntariam já estavam sem traços do vírus da Covid-19 e não tiveram casos graves da doença ou associados a hospitalizações.


Angelica Vieira, pesquisadora do Departamento de Bioquímica e Imunologia da UFMG e líder da pesquisa, explica que, “a origem do aumento da resistência bacteriana é incerta, podendo estar ligado ao uso excessivo de antibióticos sem prescrição ou à própria infecção pelo vírus”.

Para comprovar os dados, camundongos livres de germes receberam amostras de fezes humanas -coletadas meses após os voluntários terem tido Covid. Os animais manifestaram sintomas como baixa cognição, perda da memória, mudança da fisiologia intestinal e inflamação pulmonar, que comprometeu a resposta imune do pulmão desses camundongos na defesa subsequente a uma infecção bacteriana pulmonar. Já essas mesmas alterações, quando comparadas, não foram observadas nos camundongos que receberam fezes de pessoas que não tiveram Covid-19.

Antes da pandemia, os efeitos da má alimentação no aumento da resistência a antibióticos já era tema de estudo do grupo de Profa. Vieira. O intestino, na condição de reservatório desses microrganismos, já era olhado com atenção. O trabalho agora reforça a importância de conter o avanço das superbactérias no contexto da Covid-19.
 
“A Covid-19 está acelerando outra pandemia que já estava prevista, a de organismos microbianos resistentes, como as superbactérias”, explica Angelica.

Tanto a canja rica em alimentos nutritivos das vovós quanto o alimento rico em fibras que trouxer melhor qualidade de vida é bom para nossa saúde, afinal, “entender os mecanismos de disseminação de bactérias resistentes nos ajuda a pensar em estratégias terapêuticas que mantêm a nossa microbiota benéfica que vive no nosso intestino e ajuda a ter uma imunidade e qualidade de vida bem melhor”, completa Angelica.

Futuros estudos do grupo da UFMG devem seguir investigando as sequelas pós-Covid na microbiota humana, mas o fato é que a adoção de padrões alimentares mais saudáveis – rica nutricionalmente e que aquecem ou confortam – como forma de prevenir ou reverter os sintomas da infecção são um caminho para uma vida mais saudável.

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Fonte: Agência Bori.


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