A pressão popular tem poder! Estamos visivelmente atrasados na corrida pela vacinação em relação a diversos países de primeiro mundo e agora, também, na América Latina. México, Chile e Costa Rica já iniciaram a vacinação contra Covid-19 e nada do Brasil.
Depois da sociedade civil alguns governadores também pressionaram para o lançamento da campanha nacional de imunização o quanto antes e o governo federal enfim anunciou que vai acelerar o processo de vacinação no país.
O ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello, anunciou uma nova previsão para começar a vacinar os primeiros grupos, chamados de prioritários e antecipou a estimativa para “o final de janeiro, na melhor hipótese” – bem próximo da data de 25 de janeiro anunciada pelo governador de São Paulo, João Dória.
A Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) também não está medindo esforços para acelerar o processo de imunização e estima disponibilizar a primeira remessa da vacina, em parceria com a AstraZeneca, em 8 de fevereiro.
Pazuello declarou que “estamos nos preparando para iniciar 2021 com a vacina, se Deus quiser, assim que registrada pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária)”.
“A previsão nossa, como sempre, é final de janeiro, na melhor hipótese, e indo até meio e final de fevereiro, em uma pior hipótese”, concluiu o ministro durante um breve discurso na última audiência do ano da Comissão Externa de Enfrentamento à Covid-19, na Câmara dos Deputados.
Até então, Pazuello só havia revelado a data mais otimista em reuniões reservadas com gestores da Saúde da pasta, de estados e municípios. No entanto, em notas oficiais, o Ministério da Saúde sempre manteve uma previsão conservadora.
Mais CoronaVac Depois da pressão popular e de muito embate político entre Doria e o presidente Jair Bolsonaro, o governo federal avançou nas negociações com o Instituto Butantan, desenvolvedor da CoronaVac em conjunto com a chinesa Sinovac.
Há, inclusive, a expectativa de ampliação da oferta de 46 para 100 milhões de doses da vacina para o primeiro semestre de 2021, de acordo com o secretário de Vigilância em Saúde, Arnaldo Medeiros.
A princípio, o contrato que está sendo fechado com o Butantan prevê a entrega de 46 milhões de doses da CoronaVac, sendo nove milhões em janeiro, 15 milhões em fevereiro e 22 milhões em março.
“Teríamos esse cronograma de entrega proposto pelo Butantan, mas segunda-feira tivemos uma reunião para expandirmos essa compra para 100 milhões até o final do primeiro semestre. O contrato está na fase final de acerto”, informou Medeiros.
Milhão de doses Já com acordo de transferência tecnológica com a Universidade de Oxford e a farmacêutica AstraZeneca, a unidade produtora de imunobiológicos Bio-Manguinhos, da Fiocruz, planeja entregar ao Programa Nacional de Imunização (PNI) o primeiro um milhão de doses da produção nacional entre 8 e 12 de fevereiro.
Também na reunião da comissão da Câmara, a presidente da Fiocruz, Nísia Trindade Lima, informou aos parlamentares que o ritmo de entrega das produções próprias será acelerado a partir da terceira semana, com repasse de 700 mil doses diárias.
“Estaremos recebendo ingrediente farmacêutico ativo para esta vacina para um início de produção no mês de janeiro. Esta produção terá que ser certificada pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).”
Nísia explicou ainda que “as duas primeiras semanas sempre são de ajuste e depois serão 3,5 milhões de doses por semana. Isso faz parte do esforço que estamos fazendo para garantir vacinas, no plural, para nossa população”, disse Nísia Trindade.
Outra variável considerada pela Fiocruz é o pedido de uso emergencial da vacina, o que pode antecipar o cronograma de entrega.
“O esforço é para, se possível, quando sair o registro em uma agência regulatória com equivalência à Anvisa, solicitar autorização de uso emergencial com o prazo de 10 dias. Então também estaremos trabalhando com essa possibilidade”, completou a presidente.
Quantidade de doses O governo federal espera incorporar 100,4 milhões de doses da vacina de Oxford no primeiro semestre de 2021.
Há, ainda, a previsão de 42,5 milhões de doses fornecidas pelo mecanismo multilateral Covax Facility, outras 70 milhões pela Pfizer, além de tratativas com a CoronaVac e com as farmacêuticas Bharat Biotech, Moderna, Gamaleya e Janssen.
Os números mostram que a quantidade de vacina encomendada até agora não dará para vacinar toda a população brasileira, estimada em 220 milhões de pessoas, então, é preciso mais empenho por parte do governo para garantir o direito constitucional à saúde de quem deseja tomar a vacina. (Correio Braziliense)