No dia da separação, Ila Silva de Albuquerque tinha dois anos e a irmã, Lucila da Silva Assis, cinco anos. A mãe das meninas, Rufina da Silva, não suportou a morte do marido e, junto das limitações financeiras, optou por entregar Ila para outra mulher, dona Regina, em Campo Grande (MS), seguindo para São Paulo com a caçula.
No dia da separação, a irmã mais velha chorava ao se despedir, e Lucila fez uma promessa: “Não chora, não! Quando eu voltar eu vou trazer um ‘papatinho’ [sapatinho] pra você, tá?”, disse Ila.
Segundo a filha de Ila, Denise Lopes, a mãe procurou a irmã durante todos esses anos. Algumas tentativas foram feitas, mas todas sem sucesso. “Tentei procurar algumas vezes com o nome da minha tia, mas, além da idade avançada, ela é 100% surda e não tem redes sociais”, explicou.
Com o passar dos anos, a esperança de encontrar a irmã foi ficando cada vez mais distante. Porém, em março de 2024, Mayara, neta de Lucila, fez uma pesquisa na internet para descobrir sua árvore genealógica. Ao colocar o nome do bisavô na pesquisa, encontrou a certidão de nascimento de uma irmã de sua avó.
No mesmo mês, a neta ligou para a tia-avó, que mora em Cuiabá (MT), e confirmou o parentesco. O reencontro de Ila, de 84 anos, e Lucila, de 87 anos, foi organizado por todos os familiares, com direito a homenagens, choros e a entrega do prometido “papatinho”.
“Senti muita alegria! O coração bateu muito forte por ver minha irmã, pois na verdade só tinha no pensamento que tinha uma irmã agora eu vi e abracei. Eu pude cumprir a promessa depois de 82 anos. Só tenho muito amor pela minha irmã”, disse Ila.