A infecção geralmente rara, chamada mucormicose, tem uma taxa de mortalidade de 50%. Sendo que algumas pessoas para serem salvas acabam tendo que ser submetidas a operações radicais como a retirada dos olhos ou do osso da mandíbula.
Mas, nos últimos meses, a Índia viu milhares de casos afetando pacientes de covid-19 recuperados e em recuperação.
Os médicos suspeitam que pode haver uma ligação com os esteróides usados para tratar a covid.
Os diabéticos correm um risco ainda maior, com médicos dizendo à BBC que o fungo parece atacar entre 12 a 15 dias após o paciente se recuperar da covid.
Na quinta-feira (20/5), o secretário adjunto do Ministério da Saúde da Índia, Lav Agarwal, escreveu aos 29 Estados da Índia para pedir que declarem epidemia.
Com isso, o ministério poderá monitorar mais de perto o que está acontecendo em cada região e permitir uma melhor integração do tratamento.
Não está claro exatamente quantos casos ocorreram em todo o país, que atualmente enfrenta uma segunda onda mortal de covid-19, que tem causado dezenas de milhares de mortes.
Na semana passada, o secretário de Saúde de Maharashtra, Rajesh Tope, disse que havia 1.500 casos da infecção no Estado, que também é um dos mais afetados pela segunda onda de covid-19 na Índia.
Um hospital em Mumbai, capital de Maharashtra, informou à BBC que registrou 24 casos em dois meses, contra seis em todo o ano de 2020.
Os médicos também disseram à BBC como foram forçados a remover os olhos e os ossos da mandíbula de pessoas, na tentativa de impedir a propagação do fungo antes que atingisse o cérebro. Mas deixando o paciente permanentemente desfigurado.
O aumento de casos levou à escassez de anfotericina B, a droga usada para tratar a mucormicose, apesar dela ser fabricada por muitas empresas indianas. Isso também levou famílias a se voltarem para o mercado paralelo em desespero à procura do medicamento.
A mucormicose é uma infecção muito rara. Ela é causada pela exposição ao mofo mucoso, que é comumente encontrado no solo, plantas, esterco e frutas e vegetais em decomposição.
"É onipresente e encontrado no solo e no ar e até mesmo no nariz e no muco de pessoas saudáveis", disse Akshay Nair, um cirurgião oftalmologista de Mumbai.
O fungo afeta os seios da face, o cérebro e os pulmões e pode ser fatal em indivíduos diabéticos ou gravemente imunocomprometidos, como pacientes com câncer ou pessoas com HIV / Aids.
Segundo os médicos ouvidos pela BBC, o uso de esteróides é um tratamento que salva vidas de pacientes graves com covid-19 em estado crítico de saúde.
Os esteróides reduzem a inflamação nos pulmões e parecem ajudar a interromper alguns dos danos que podem ocorrer quando o sistema imunológico do corpo entra em atividade para combater o novo coronavírus.
Mas acabam por reduzir a imunidade e aumentam os níveis de açúcar no sangue em pacientes diabéticos e não diabéticos com covid-19.
Acredita-se que essa queda na imunidade possa estar desencadeando esses casos de mucormicose. Fonte BBC