O bairro Nacional, em Porto Velho (RO), entrou na lista de favelas mapeadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), destacando-se pela sua grande extensão de 4,1 km², o que a coloca entre as 20 maiores áreas demográficas do país.
Os pesquisadores do IBGE consideram favelas e comunidades urbanas localidades com características como insegurança jurídica da posse, ausência ou oferta precária ou incompleta de serviços públicos, padrões urbanísticos fora da ordem vigente e ocupação de áreas com restrição ou de risco ambiental.
Rondônia conta com 74 comunidades classificadas como favelas, das quais 68 estão na capital.
As informações foram divulgadas em um suplemento do Censo 2022, publicado na última sexta-feira (8). Segundo a pesquisa, o Brasil possui um total de 12.348 favelas espalhadas por 656 municípios.
Em Rondônia, 4,1% dos domicílios são ocupados por famílias que vivem em moradias simples, sendo que aproximadamente 16,25% dessas habitações estão em Porto Velho.
No estado, 5,27% da população reside em favelas, percentual que aumenta para 17,33% quando analisada a capital.
A pesquisa indica ainda que 16,53% da população que reside em favelas no estado está concentrada na área urbana, em cidades como Porto Velho e Candeias do Jamari.
Acre
O levantamento apontou a existência de 12 favelas, todas situadas na capital, Rio Branco.
No total, 3,8% dos domicílios são considerados inadequados, com 15,2% desses localizados em Rio Branco.
A população residente em favelas no estado representa 4,9% do total, enquanto na capital esse índice sobe para 14,7%.
A pesquisa também revela que 15,8% das favelas do Acre estão em áreas urbanas, principalmente em Rio Branco e Cruzeiro do Sul.
O levantamento aponta as principais localidades com presença de favelas e seus números de moradores em habitações simples em Porto Velho - RO:
Nacional: 7.697
Cidade Nova II: 6.702
Novo Horizonte: 4.176
Cohab II: 2.389
Socialista II: 2.812
Aponiã A: 2.152
Areia Branca: 1.903
Maringá: 1.557
Nova Esperança: 1.533
Planalto I: 1.480
Jardim Santana II: 1.348
Lagoa Azul: 1.261
Costa e Silva: 1.250
Floresta I: 1.221
Floresta II: 1.050
Eletronorte: 1.076
Militão: 1.105
Cohab III: 1.017
Castanheira II: 965
Planalto III: 920
Teixeirão: 905
Cohab I: 903
Planalto II: 329
Jardim Santana IV: 695
São Sebastião I: 690
Mocambo: 624
Roque C: 823
Pantanal: 720
Floresta III: 721
Cidade do Lobo: 752
Tucumanzal: 705
Roque III: 567
Jardim Santana III: 546
São Sebastião II: 522
Castanheira I: 572
Socialista I: 653
Roque A: 587
Socialista IV: 258
Jardim Santana I: 398
Roque II: 361
Baixa da União: 346
Mato Grosso: 321
Socialista III: 188
Castanheira III: 278
Panair: 124
OUTROS DADOS DO BRASIL
Nas favelas brasileiras, a proporção de pessoas pretas e pardas é maior do que no Brasil. Por outro lado, a presença de brancos é menor que a proporção na população geral.
O levantamento, que também aponta um perfil mais jovem nas comunidades, identificou quase 16,4 milhões de moradores em 12,3 mil favelas, distribuídas por 656 municípios.
As pessoas pardas representam 45,3% do total da população brasileira. Os pretos são 10,2%. Juntos, somam 55,5%. Quando se olha apenas para as favelas, os pretos são 16,1%; e os pardos, 56,8%. Somados alcançam 72,9%. Por outro lado, os brancos, que são 43,5% da população brasileira, respondem por 26,6% dos moradores de favelas.
Segundo o IBGE, os amarelos (asiáticos) são 0,4% da população geral e 0,1% das favelas. Os indígenas representam 0,8%, tanto na população geral, quanto nas favelas.
O IBGE explica que o somatório dos grupos pardos, pretos, brancos, amarelos e indígenas supera 100% no censo, pois foi facultado a moradores de áreas indígenas se identificarem como indígenas, mesmo que sejam de outras cores. Por exemplo, uma pessoa parda que mora em um território demarcado pôde se considerar indígena.
Vistos de outro prisma, os dados mostram mais aspectos da desigualdade racial no país. De todas as pessoas que se declararam brancas, 4,9% moravam em favelas. Entre os pretos, essa marca chegou a 12,8%, ou seja, de cada 100 pessoas pretas, praticamente 13 moravam em comunidades. No universo dos pardos, a relação era de 10 a cada 100 (10,1%).
Entre os indígenas, a proporção foi de 8%, tendo alcançado a maior marca no Amazonas (17,9%). O segundo maior percentual é entre os indígenas no Rio de Janeiro (12,7%).
Sexo
O censo indicou também que 48,3% dos moradores das favelas são homens; e 51,7%, mulheres. “Esses valores não apresentaram diferença expressiva em relação ao percentual de pessoas do sexo masculino e feminino na população geral, 48,5% e 51,5%, respectivamente”, assinala o instituto.
Outro indicador importante para traçar as características demográficas de determinada população é a razão de sexo. Quando esse número é igual a 100, indica o mesmo número de pessoas dos dois sexos. Caso a razão de sexo seja menor que 100, a população analisada possui mais mulheres que homens.
No Brasil, a razão de sexo da população total era de 94,3 homens para casa 100 mulheres, em 2022. Nas favelas, baixava para 93,4 homens para cada 100 mulheres.
Mais novos
O censo revelou que a população das favelas é mais jovem que a brasileira. O IBGE apresenta o índice de envelhecimento, que faz uma relação entre idosos de 60 anos ou mais e um grupo de 100 crianças de até 14 anos. Quanto maior o índice, mais envelhecida é a população.
No Brasil, o índice para a população total foi 80 em 2022. Ou seja, havia 80 idosos para cada 100 crianças. Especificamente dentro das favelas, o marcador foi de 45 idosos para cada 100 crianças, indicando uma população proporcionalmente muito menos envelhecida.
A idade mediana da população residente no Brasil, em 2022, era 35 anos, ou seja, metade da população possuía mais de 35; e a outra metade, menos de 35. Analisando apenas o universo de moradores de favelas, a idade mediana cai para 30 anos.
Condições
Os recenseadores identificaram que 96,1% dos domicílios em favelas são casas, incluindo as de vila ou em condomínios.
Os dados dizem que 3,4% dos moradores de favelas estão na região Sudeste. São 7,1 milhões. No Nordeste estão 28,3% (4,6 milhões); no Norte, 20% (3,3 milhões); no Sul, 5,9% (968 mil); e no Centro-Oeste, 2,4% (392 mil).
Em relação ao esgotamento, 61,5% dos domicílios nas favelas tinham ligação com rede geral ou pluvial e fossa séptica ou filtro ligada à rede. No total do país, o percentual é de 65% nessas condições. Praticamente todos os lares em favelas (99%) tinham banheiro de uso exclusivo.
Enquanto no total do país 83,1% dos lares possuem coleta de lixo no domicílio, nas favelas o percentual cai para 76%. Para outros 20,7%, a destinação do lixo é via depósito em caçambas.