China habilita 183 empresas brasileiras para exportação de café

Gazeta Rondônia
04/08/2025 09h09 - Atualizado há 3 dias

No dia 30 de julho de 2025, a China anunciou a habilitação de 183 novas empresas brasileiras de café para exportar seus produtos ao país asiático, uma medida válida por cinco anos. O comunicado, divulgado pela Embaixada da China no Brasil através de suas redes sociais, representa uma oportunidade significativa para os cafeicultores brasileiros, especialmente em um momento de incertezas comerciais com os Estados Unidos, principal destino das exportações de café do Brasil. Este artigo, produzido para o blog Painel Político, explora os detalhes dessa decisão, o contexto do mercado de café na China, os desafios impostos pela recente taxação americana e as perspectivas para o setor cafeeiro nacional.

Contexto da decisão chinesa

A habilitação das 183 empresas brasileiras reflete o crescente interesse da China pelo café, um produto que vem ganhando espaço no dia a dia dos consumidores chineses. Segundo dados compartilhados pela Embaixada da China, as importações líquidas de café no país cresceram 13,08 mil toneladas entre 2020 e 2024. Apesar disso, o consumo per capita ainda é baixo, com apenas 16 xícaras por ano, contra uma média global de 240 xícaras. Isso indica um enorme potencial de expansão para o mercado brasileiro, que é o maior produtor e exportador de café do mundo.

Embora o Ministério da Agricultura e o Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) ainda não tenham se manifestado oficialmente sobre o anúncio, a medida é vista como um passo estratégico para diversificar os destinos das exportações brasileiras. Nos primeiros seis meses de 2025, a China importou 529.709 sacas de 60 quilos de café brasileiro, ocupando a décima posição no ranking de destinos, conforme dados do Cecafé. Esse volume, embora significativo, é 6,2 vezes menor do que o exportado para os Estados Unidos no mesmo período (3.316.287 sacas).

O desafio do tarifaço americano

O anúncio da China coincide com um momento de tensão comercial para os exportadores brasileiros de café. Em 30 de julho de 2025, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, oficializou uma ordem executiva que impõe uma tarifa de 50% sobre diversos produtos brasileiros a partir de 6 de agosto. O café, infelizmente, não foi incluído na lista de quase 700 exceções, que abrange itens como suco de laranja, combustíveis e aeronaves civis, conforme reportado pela Agência Brasil.

Os Estados Unidos são o maior mercado para o café brasileiro, absorvendo cerca de 23% das exportações em 2024, especialmente da variedade arábica, essencial para a indústria de torrefação local. A taxação representa um duro golpe para o setor, que agora busca alternativas para mitigar os prejuízos. O Cecafé já declarou que continuará negociando com o governo americano para incluir o café na lista de exceções, mas, enquanto isso, mercados como a China tornam-se ainda mais estratégicos.

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Perspectivas e estratégias para o setor cafeeiro

Pesquisadores do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP, alertam que os produtores brasileiros podem ser forçados a redirecionar parte de sua produção para outros mercados. Isso exigirá agilidade logística e estratégias comerciais para atender às demandas de países como a China, onde o consumo de café está em ascensão. A habilitação das 183 empresas é, portanto, uma janela de oportunidade para fortalecer a presença brasileira nesse mercado emergente.

Além disso, informações coletadas em redes sociais e blogs especializados, como postagens no Twitter de associações de cafeicultores e análises no portal Globo Rural, indicam que o setor está otimista com a possibilidade de expandir as vendas para a Ásia. A China, com sua população de mais de 1,4 bilhão de habitantes, representa um mercado com potencial de crescimento exponencial, especialmente se o consumo per capita continuar a aumentar.

Dados e contexto adicional

Para contextualizar a relevância do café brasileiro no mercado global, vale destacar que o Brasil exportou, em 2024, cerca de 45 milhões de sacas de 60 quilos, segundo o Cecafé, consolidando-se como líder mundial. A variedade arábica, predominante nas exportações para os EUA, e a robusta, que também tem mercado na Ásia, são os principais tipos comercializados. A entrada de mais empresas no mercado chinês pode diversificar ainda mais os destinos e reduzir a dependência de um único comprador, como os Estados Unidos.

Outro ponto relevante é a necessidade de investimentos em marketing e adaptação aos gostos locais na China. Artigos recentes do jornal Folha de São Paulo destacam que o café brasileiro precisa ser apresentado de forma atrativa ao consumidor chinês, que muitas vezes associa o produto a marcas internacionais como Starbucks. Parcerias com empresas locais e campanhas de promoção podem ser cruciais para aumentar a penetração do produto.

A habilitação de 183 empresas brasileiras para exportar café à China é uma notícia positiva em meio a um cenário de desafios comerciais com os Estados Unidos. Embora o mercado chinês ainda represente uma fatia menor das exportações, seu potencial de crescimento é inegável. Para os produtores brasileiros, a diversificação de mercados será essencial para enfrentar as barreiras impostas pelo tarifaço americano e garantir a sustentabilidade da cadeia produtiva. O setor cafeeiro, com apoio de entidades como o Cecafé e o Ministério da Agricultura, tem agora a chance de explorar novos horizontes e consolidar o café brasileiro como um produto indispensável no mercado global.

Fonte: Painel Político – Imagem ilustrativa.

 


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