A campanha para imunizar crianças de 5 a 11 anos contra a Covid começou há quase um mês, mas o resultado ainda está bem abaixo do esperado, e as fake news estão por trás dessa resistência de alguns pais em vacinar seus filhos.
As notícias falsas disseminadas sobre a vacinação infantil chegaram até a dividir alguns pais. Em Mato Grosso do Sul, por exemplo, um pai, que tem guarda compartilhada da filha de 9 anos, teve que vacinar a menina escondido da mãe.
"Às vezes eu mandava algumas coisas sobre a vacinação e ela me devolvia aquelas fake news. Eu tomei essa decisão aos 45 do segundo tempo, sem avisar ninguém. Acordei minha filha, tomamos café e eu levei ela no posto de saúde. Quando a mãe dela soube, parecia que eu tinha levado a menina para alguma coisa muito ruim, que eu era um pai muito ruim. Ela veio ameaçando já de início, que eu não ia mais ver, que iam mudar de estado", contou o pai.
Apesar das ameaças da mãe da criança, segundo o advogado Ariel de Castro Alves, especialista em direitos da infância e juventude, o pai não errou e cumpriu o que diz o Estatuto da Criança e do Adolescente.
"Ele tem o total direito, até porque ele está indo de acordo com a lei. Entre os deveres do poder familiar, nós temos de educar, de amparar, de proteger e de garantir a própria saúde da criança. Certamente essa mãe não vai ter êxito na Justiça em querer proibir as visitas desse pai", afirmou a advogada.
A médica e pesquisadora da Fiocruz Margareth Dalcomo lamenta os baixos números de adesão à vacinação de crianças e a falta de confiança de alguns pais.
"Infelizmente, muitas famílias foram contaminadas pelo discurso absolutamente equivocado de colocar em dúvida a confiança que as famílias brasileiras têm em relação às vacinas para as nossas crianças", diz Dalcomo.
No entanto, para o Conselho Nacional dos Procuradores-gerais, o fato da vacina contra a Covid não estar no PNI, em nada muda as obrigações. (G1).