Os EUA são o maior mercado fonográfico do mundo e pela primeira vez na história, no ano de 2018, o rap superou o rock como gênero mais ouvido, ocupando 24,5% do total das músicas mais consumidas, e ultrapassando também o pop. No Brasil, dados fornecidos pela plataforma Spotify apontam que o funk e o sertanejo são os estilos mais ouvidos, mas é o rap o gênero que mais cresce em execução em comparação com outros anos.
O país do futebol está apto a ser referência também para esse tipo de pesquisa, já que em 2018, segundo o IFPI - Instituto Federal da Indústria Fonográfica Internacional - o Brasil está entre os 10 maiores mercados fonográficos do mundo, registrando um aumento de 15,4%, enquanto a média mundial de crescimento foi de 9,7% (segundo os seguintes critérios: digital, físico, execução pública e direitos de sincronização).
Com isso, pode-se concluir que o que acontece na indústria fonográfica daqui é relevante como parâmetro para esse mercado no mundo.
E pensando no mercado internacional, a música brasileira faz sucesso lá fora desde sempre. Ritmos como o samba e a bossa nova, são há muito reverenciado e reproduzidos por grandes músicos do show business Internacional. A canção “Garota de Ipanema” (composta por Tom Jobim e Vinícius de Moraes em 1962) por exemplo, tem mais de 500 interpretações diferentes e é considerada a segunda música mais difundida do mundo, ficando atrás apenas de “Yesterday” (canção de Paul McCartney gravada pelos Beatles em 1965). Um exemplo atual, é o rapper baiano Baco Exu do Blues, que há pouco venceu o GranPrix de um dos festivais mais importantes do mercado publicitário internacional, o Cannes Lions (2019), na categoria Entertainment for Music (Entretenimento para Música), com o clip Bluesman. O filme de Baco concorreu com “Apeshit”, megaprodução do casal Beyoncé e Jay-Z feita no museu do Louvre.
Essa conexão internacional conquistada por músicos do Brasil, significa que nosso carisma e personalidades tupiniquim tocam outras culturas e, mais do que isso, prova que existe espaço para o som brasileiro no mercado fonográfico internacional.
Rapper brasileiro desponta no cenário musical italiano
Recentemente o carioca radicado na Itália Yuri Vidal - mais conhecido na cena musical como Frio - lançou o rap Mile Mondi (Mil Mundos) em seu canal no youtube e, em poucas semanas, recebeu mais visualizações do que esperava. Poucos meses depois lançou a música Incanto ( Encanto), que tem o refrão em português, em cinco dias ele já contava com 11 mil visualizações, além de convites para se apresentar em grandes ginásios e exposição na mídia tradicional, como emissoras de tv e rádio. São muitos os fatores que contribuem para esse sucesso um deles é a forma como vem construindo suas composições - ele comenta:
“A música brasileira sempre esteve presente na minha vida. Eu vivo na Itália desde os quatro anos de idade e sou um dissidente do rap italiano. Apesar de minhas composições serem em italiano, minha inspiração vem do funk, samba e rap brasileiros. É na fronteira entre os dois idiomas que quero criar minhas músicas” e completa: “Hoje o rap é um dos estilos mais ouvidos por aqui, temos bons músicos desse gênero. Ele é recente, chegou a Nápoles, Milão e Roma nos anos noventa, e somente uma década depois é que começaram a aparecer os grandes nomes produzindo rap em italiano”, conclui.
A escolha de Frio pelo o rap é decerto consequência de sua geração e da força que o gênero representa como forma de expressão e inserção no mercado. Para um brasileiro, despontar no cenário musical Italiano só é novidade pela forma como ele vem criando sua música, na ‘fronteira dos dois idiomas’. O artista pontua que é necessário desenvolver um estilo próprio para ser ouvido por muitos, e conta com a influência dos ritmos brasileiros para atingir o objetivo de trazer inovação para o rap italiano:
“Quero fazer da minha música a música de outras pessoas. Quero que minha palavra traga conforto. Eu acho isso muito bonito! Eu espero que isso possa acontecer”.
Linguistas afirmam que a oralidade é a “manifestação da língua viva”, alterando-se de acordo com as situações propostas. O rap trabalha em cima da oralidade cotidiana, transformando “letras” usadas no dia a dia em ritmo e poesia, expressando o movimento da vida nos lugares onde ele surge. Assim o estilo cresce gerando rentabilidade para o mercado, ao mesmo tempo que vai se consolidando como uma manifestação artística rica em conteúdo cultural.
Sobre o Artista
Frio é Yuri Spinelli Vidal, 18 anos, natural do Rio de Janeiro. Mudou-se para Itália aos quatro anos e reside na cidade de Sommariva del Bosco, ao norte da Península. Ele se prepara para lançar um Ep com cinco novas composições, entre elas músicas em português e italiano, que se complementam através da linguagem e do ritmo.
Mile Mundi - Frio
Incanto - Frio feat MammyBrasil