11/08/2022 às 12h16min - Atualizada em 11/08/2022 às 12h16min

Dia do Estudante: crianças têm aulas em hospital durante tratamento contra câncer

Gazeta Rondônia

Em um espaço alegre e colorido dentro do Hospital Universitário Oswaldo Cruz (HUOC), em Santo Amaro, centro do Recife, funciona a Classe Hospitalar Semear. Criada em 2015, a iniciativa tem como objetivo fazer com que crianças internadas continuem a estudar durante o tratamento contra o câncer.

A classe atende pacientes da área oncológica do HUOC com aulas da pré-escola até o 5º ano, a partir dos 4 anos de idade. De segunda-feira a sexta-feira, os estudantes têm aulas regulares de português, matemática, ciência, geografia e história.

Em sete anos de atividade, 215 crianças tiveram a oportunidade de estudar, como Jefferson, de 7 anos, que ficou cego após ser diagnosticado com câncer nos globos oculares quando tinha 1 ano e 7 meses.

Em maio de 2022, o menino teve câncer nos ossos e precisou amputar a perna esquerda. Ele, que é da zona rural de Carnaubeira da Penha, no Sertão de Pernambuco, enfrentou dificuldade em conseguir ser alfabetizado. No Semear, o menino encontrou o apoio que precisava.

Desde 2018, a professora Silene Cabral se dedica a ensinar as crianças que fazem tratamento contra o câncer. Durante a sua formação, ela se preparou para fazer a diferença na vida dos pequeninos e, atualmente, cursa pós-graduação para alfabetizar crianças cegas em braile.

"Eu me identifiquei com o trabalho, achei muito bonito e senti vontade de fazer. Quanto mais eu lia sobre o assunto, mais me despertava o interesse. Quando eu soube que existia essa classe hospitalar no Recife, que era anexo da escola que na época eu trabalhava, eu pedi para vir para cá", disse a professora.

Jucilene, que é mãe de Jefferson, fez do hospital a sua segunda casa. Enquanto acompanha o filho aprendendo a ler com as mãos, sentindo as letras, objetos e associando ao som das sílabas, ela se emociona.

 

"Fico muito feliz de ver ele aprendendo cada vez mais. Quando venho para cá, me vem o sentimento de lutar pela saúde dele e de ele ser lá na frente um menino inteligente", declarou Jucilene.

 

Trazendo a escola para dentro do hospital, a iniciativa do Semear humaniza o tratamento que muitas vezes é demorado e tira crianças da rotina da infância. No espaço, elas encontram um novo significado para o cotidiano e entendem que a doença é apenas uma etapa da vida.

Menino Jefferson e professora Silene Cabral na Classe Hospitalar Semear — Foto: Leo Cruz/TV Globo

Menino Jefferson e professora Silene Cabral na Classe Hospitalar Semear — Foto: Leo Cruz/TV Globo

Foi assim com Alícia Thaynara, de 11 anos, que encontrou na escolinha um momento de amparo. "Me ajudou bastante em um momento em que eu estava triste. Crianças e professores me ajudaram bastante, a gente brincava, fazia as atividades, era bem legal", disse a menina.

O projeto também serviu como um alento para Rosângela Rodrigues, mãe de Alícia. "Foi primordial para saber que nós também estaríamos tendo essa assistência e não iria interromper o desenvolvimento escolar dela", disse Rosângela.

Para a gestora do Semear Priscila Angelina, a presença da escola no prédio do Grupo de Ajuda à Criança Carente com Câncer (GAC) é uma garantia de segurança para as crianças, pais e responsáveis.

Professora Silene Cabral trabalha na alfabetização de crianças em tratamento oncológico no Gac Pernambuco — Foto: Leo Cruz/ TV Globo

Professora Silene Cabral trabalha na alfabetização de crianças em tratamento oncológico no Gac Pernambuco — Foto: Leo Cruz/ TV Globo

"Chegar aqui, descobrir que tem uma escola, que a criança não vai se afastar dos estudos e ela pode, no futuro, voltar para a escola onde ela estava e acompanhar a turma, para elas [crianças] é maravilhoso", declarou a gestora.

Segundo o Gac, a classe vai servir como modelo para a criação de escolas hospitalares em mais outras seis unidades de saúde onde crianças passam muito tempo em tratamento por causa de outras doenças. Fonte: G1


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