13/11/2022 às 12h06min - Atualizada em 13/11/2022 às 12h06min

CASO DA PROFESSORA DEMITIDA: O legal, a necessidade e o não permitido

Gazeta Rondônia
José Elias de Almeida

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Considerando a repercussão ora vista nos meios de comunicação, em decorrência da demissão de uma professora de uma instituição de ensino da rede privada (Cerejeiras), motivada pelo fato de ter explicado para estudantes do ensino fundamental “de onde vem os bebês” (GAZETA RONDONIA – 09/11/2022), sinto-me na condição de profissional da educação e como cidadão, na obrigação de tecer alguns comentários sobre o evento.

O Artigo 206 da Constituição Federal (1988), inciso II, em consonância com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional-LDBEN (9.394/96), Art. 3º, inciso II, indicam que: o ensino será ministrado com base nos seguintes princípios:


II – liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber.

Outros referenciais legais, curriculares e metodológicos permeiam as propostas para uma educação escolar (formal) que por um lado garante aos professores cumprir o “dever” de ensinar, e por outro vislumbra tornar os seres humanos mais humanos.
 
Isso implica em conhecer, fazer, ser, conviver, afinal, o principal papel da escola é ensinar o aluno a ler o mundo e nele intervir proativamente.

Segundo Rubem Alves (2002), “A curiosidade é uma cosseira nas ideias”. Por isso, admiro as crianças e os jovens em tenra idade porque não têm medo de perguntar, porque desconhecem ainda o nefasto teor da censura.

A curiosidade ainda é seguramente uma das melhores fontes para as aprendizagens humanas. Quem pergunta, que saber, quer compreender, quer aprender para fazer certo e bem-feito.
 
Trata-se de um assunto sensível à sociedade, e, portanto, urgente diante dos abusos, assédios e outros tipos velados de influências deformantes como a pornografia.

Portanto, censurar uma professora porque atendeu a uma curiosidade de uma criança, é a meu ver sinônimo de falso moralismo, afinal enquanto família será que tratamos deste assunto com nossos jovens filhos?
 
Se não gostamos deste tipo de conversa, não temos coragem para fazê-lo?
 
Como fica então a cabeça do jovem? Cheia de dúvidas?

A todo momento os jovens sejam pelas atitudes, conversas e relacionamentos, dão sinais da necessidade de conhecer melhor o assunto para se protegerem contra ISTs, gravidez na adolescência, assédio e abusos sexuais.

Esse spoiler são revelações antecipadas de informações sobre um conteúdo intrínseco ao Ser Humano: a sexualidade.

A palavra educação, vem do latim que significa “elucidar, trazer à luz, mostrar a verdade, instruir, transformar, aperfeiçoar...

Para reflexão: Até que ponto nós como família e como escola estamos criando ambientes favoráveis a formação de homens e mulheres esclarecidos, fortes, saudáveis, equilibrados, participativos e honestos?

Texto: José Elias de Almeida - O autor é Psicólogo – Pedagogo – Jornalista – Mestre em Educação e Linguagem, ex-secretário de educação de Cerejeiras e Professor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Rondônia – IFRO/ Campus Colorado do Oeste.

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