Bolsonaro desembarcou no Aeroporto Internacional de Brasília em voo comercial. O avião pousou às 6h36.
No setor de desembarque, centenas de apoiadores esperavam o ex-presidente. Porém, Bolsonaro seria escoltado por outra saída e não se encontraria com eles. A esposa, Michelle Bolsonaro, e o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, vão recepcioná-lo. Do aeroporto, Bolsonaro seguiria para a sede do PL, no centro de Brasília.
Bolsonaro passou três meses em território norte-americano. A temporada do político brasileiro em terras estrangeiras teve direito a sessões de autógrafos, passeios no mercado, confusão no condomínio e uma grave indigestão que o levou ao hospital.
Ao sair dos EUA, o ex-presidente declarou que joias do regime da Arábia Saudita não foram surrupiadas, ao ser questionado por repórter da CNN sobre paradeiro dos presentes milionários. “Está à disposição, não está escondido, não foi surrupiado de lá. Mais da metade em volume nós já doamos, doamos para o órgão certo, Acervo Nacional e Biblioteca Nacional. […] Estão no meu acervo [as joias], agora perguntar onde é eu não posso divulgar”, declarou Bolsonaro ainda no Aeroporto Internacional de Orlando.
O retorno de Bolsonaro ao país ocorre sob forte esquema de segurança. O presidente do PL solicitou ao Governo do Distrito Federal (GDF), ao Ministério da Justiça e Segurança Pública e à Polícia Federal (PF) o reforço no policiamento na região do aeroporto para garantir a ordem e segurança.
O ministro Flávio Dino mobilizou a PF para a chegada do ex-presidente ao Brasil. Fora das imediações do aeroporto, a segurança fica por conta da Polícia Militar (PM) do DF.
Liderança x investigações
Correligionários, alguns dos quais criticaram a ausência do ex-mandatário em território brasileiro no início do terceiro governo Lula (PT), pedem que Bolsonaro lidere a oposição neste momento.
No entanto, Bolsonaro terá de enfrentar uma série de investigações na Justiça que pode acabar por desviar o foco e tirá-lo da posição de expoente da direita. A mais recente delas envolve a entrada ilegal de joias doadas pelo governo da Arábia Saudita e a apropriação de dois conjuntos de joias.
Ele também é alvo de investigação por suposto envolvimento nos atos terroristas de 8 de janeiro, em inquérito que tramita no Supremo Tribunal Federal (STF). Esse inquérito apura a instigação e autoria intelectual dos atos antidemocráticos que resultaram em episódios de vandalismo e violência em Brasília no início do ano.
Ações no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) também trazem riscos a Bolsonaro, que pode ficar inelegível e impedido de concorrer às eleições em 2026.
Benefícios
De volta ao Brasil, Bolsonaro manterá uma vida confortável, com acúmulo de aposentadorias e salário do PL. Ele vai morar com Michelle, a filha e a enteada em uma mansão no Jardim Botânico, a 12 quilômetros do Palácio da Alvorada. A casa, onde a ex-primeira-dama já se instalou com as duas filhas, tem 400 metros de área construída e aluguel de R$ 12 mil.
Como presidente de honra do PL, Bolsonaro vai receber um salário de R$ 41,6 mil, valor do teto salarial do serviço público, recebido por ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). A legislação brasileira não prevê uma pensão especial para ex-presidentes, mas ele vai acumular aposentadorias pagas pela Câmara e pelo Exército. A soma das duas aposentadorias pode chegar a R$ 42 mil por mês, segundo o próprio Bolsonaro.
O ex-presidente dará expediente na sede da sigla, em um prédio ao lado do hotel em que Lula se hospedou entre a eleição e a mudança para o Palácio da Alvorada. Em frente ao edifício fica o Posto da Torre, onde aconteceram as primeiras investigações da Lava Jato.
Como ex-presidente, Bolsonaro terá ao seu dispor dois veículos oficiais com motoristas, dois assessores e quatro seguranças, todos custeados pela Presidência da República. A segurança pode ser reforçada em eventos públicos, como pediu o presidente do PL nesta semana.
Viagem
Bolsonaro saiu do Brasil no dia 30 de dezembro do ano passado, às vésperas da cerimônia de posse de Lula, sem, portanto, passar a faixa presidencial para o sucessor. Ele chegou aos EUA na noite daquele dia. Dias antes, havia anunciado que viajaria para Orlando e lá passaria por um “período sabático”, com o fim do mandato.
Após realizar uma última live ainda na cadeira presidencial, Bolsonaro saiu do Palácio da Alvorada, residência oficial da Presidência, na tarde daquela sexta em carros descaracterizados, sem chamar a atenção da imprensa e de apoiadores que estavam no local.
O ex-presidente viajou em um avião da Força Aérea Brasileira (FAB). A aeronave decolou às 14h02, fez uma parada no Aeroporto Internacional de Boa Vista (RR) e, depois, seguiu com destino a Orlando, na Flórida. Além dele, viajaram a bordo da aeronave da FAB Michelle, a filha do casal, Laura, a enteada Letícia e alguns auxiliares que já foram nomeados assessores de Bolsonaro para quando acabar o mandato.
Michelle e as filhas regressaram ao Brasil ainda em janeiro, para início do ano letivo. A ex-primeira-dama voltou mais uma vez aos EUA, em meados de março, após vir à tona o caso do contrabando das joias doadas pela Arábia Saudita ao ex-presidente, e por lá ficou por cinco dias.
No primeiro mês em solo americano, Bolsonaro ficou hospedado na casa do lutador de UFC José Aldo, no condomínio de luxo Encore Resort at Reunion, na cidade de Kissimmee, no estado da Flórida. Nos meses seguintes, ele se mudou para uma outra casa no mesmo condomínio.