No dia 12 de maio comemora-se o Dia Internacional dos(a) Enfermeiros(a). A data é marcada pelo nascimento da enfermeira mais popular da história, Florence Nightingale, fundadora da Enfermagem moderna, e chamada de “mãe da Enfermagem”. No Brasil, as celebrações continuam até o dia 20 de maio, em que se afama o dia do Técnico de Enfermagem, mas também, se traz a lembrança do aniversário de falecimento de Anna Justina Ferreira Nery, pioneira da Enfermagem no país.
Ainda que seja a maior classe profissional do Brasil, com mais de 2 milhões de pessoas vinculadas, representando mais da metade da força de trabalho na saúde, a Enfermagem luta por um maior reconhecimento, valorização e autonomia. Isso, aliás, tem sido pauta de discussão por meio do Projeto de Lei 14.434/2022, que define o piso salarial, jornada de trabalho e repouso dos enfermeiros, técnicos de enfermagem, auxiliares de enfermagem e parteiras. Todavia, apesar de tamanha importância desses profissionais em serviços de saúde, o Supremo Tribunal Federal do país suspendeu o andamento da lei, que já circula há mais de 30 anos.
Para além disso, é preciso se preocupar também com as condições de empregabilidade desses profissionais. Uma pesquisa realizada com egressos de um curso de enfermagem de uma cidade no interior do nordeste, mostrou que 75% dos enfermeiros encontram um emprego em até um ano após a formatura. Contudo, o grau de insatisfação desses trabalhadores é alto. Alguns motivos para isso são: escassa infraestrutura nos locais de trabalho, baixa remuneração, sobrecarga de atividades e falta de reconhecimento profissional pela sociedade.
Vale lembrar, que a não muito tempo atrás, mais precisamente, durante a pandemia de COVID-19, assim como em outras situações de calamidade e/ou necessidade de assistência em saúde, os principais atores que estavam na linha de frente dos cuidados de milhões de pessoas ao redor do mundo eram os profissionais da Enfermagem. Logo, questiona-se: será que os profissionais de Enfermagem têm mesmo motivos para comemorar?
Face ao exposto, é impreterível a execução de propostas de currículos de Enfermagem mais poderosos, que visem o desenvolvimento de competências e habilidades para a formação de Enfermeiros de Práticas Avançadas. Além disso, faz-se fundamental investimentos no campo da Enfermagem, para tornar possível a ascensão dos profissionais à cargos de liderança e participação na trilha de decisões políticas a fim de que essa seja uma área prioritária para a garantia da saúde universal.
Sobre o autor
José Cláudio Garcia Lira Neto é pesquisador e professor da Universidade de Ribeirão Preto (UNAERP) e doutor em Enfermagem na Promoção da Saúde pela Universidade Federal do Ceará (UFC).
