Aconteceu, nesta quinta-feira (25), uma intervenção de rua com exposição de sapatos em frente ao Tribunal de Justiça do Estado (TJ-RO). A ação faz parte da campanha "Nem pense em me matar" realizada pelo Levante Feminista Contra o Feminicídio, com intuito de mostrar a importância da mobilização social na luta contra a morte violenta de mulheres em Rondônia.
De acordo com Rosimar, uma das organizadoras, a exposição de sapatos representa vítimas do feminicídio em Rondônia. Em 2020, o número de feminicídios subiu 42,85% no estado. E em 2021, só em janeiro, duas mulheres já morreram.
"Não arrecadamos os 202 sapatos para representar todas as que se foram nos últimos cinco anos, mas cada sapato representa uma mulher que teve sua vida tirada pelo feminicídio. Simbolicamente estão vazios, pois suas donas não vivem mais", explicou Rosimar.
De acordo com ela, o local da realização da campanha foi escolhido "para representar o silêncio dos poderes estatais e da justiça diante do feminicídio", desde o registro do boletim de ocorrência, da perícia até o júri.
"O objetivo é chamar a atenção da sociedade, sensibilizar e mobilizar contra essa chaga que é o feminicídio e lembrar que as crianças ficam órfãs e as famílias se destroem. Não há vida sem Justiça", falou.
Em entrevista ao G1, o defensor público, professor e comentarista na Rede Amazônica, Fábio Roberto, explica a necessidade da nomenclatura correta no momento da polícia registrar o crime.
"Feminicídio é o homicídio contra a mulher. Que tem como razão a condição do sexo feminino ou do gênero da pessoa. Feminicídio é um tipo de qualificadora e que amplia muito a pena do homicídio", diz.
"A partir dessas estatísticas é que vamos conhecer a realidade da sociedade e o quão violenta essa sociedade é contra a mulher. Óbvio que no início do registro da ocorrência, em sede policial, ainda não há dimensão total dos motivos. Mas me parece que há uma subnotificação quanto ao feminicídio. É preciso uma atenção muito grande das autoridades policiais para, quando registrar essa ocorrência, identificar se a morte foi por conta do gênero da mulher", destaca.
O grupo que realizou a intervenção foi criado com o objetivo de denunciar a omissão do Estado e exigir a proteção da vida das mulheres. Ele é formado por cerca de 200 pessoas que se articulam remotamente para as ações. Entre elas, estão mulheres negras, indígenas, quilombolas, ribeirinhas, parlamentares, dos movimentos LGBTQIA+ e de outros segmentos das organizações populares e da sociedade civil.
"O propósito da palavra Levante é demonstrar que nos levantamos pela vida das mulheres e estamos chamando todas e todos os homens para enfrentar e evitar o feminicídio", explicou Rosimar. Fonte G1