Por detrás do alimento que fornece energia, derruba o colesterol, protege o coração, melhora a circulação, e tantos outros benefícios, há narrativas, memórias e elementos importantes para a história do estado de Rondônia. Para retratar toda essa riqueza, o projeto cultural "Açaí, Pérola Negra" mostra a produção e conta a história de pessoas que estão conectadas à floresta por meio da colheita artesanal do açaí.
O município de Guajará-Mirim, em Rondônia, foi o cenário escolhido para produção de todo o material que compõe o projeto. O documentário será exibido na plataforma digital no dia 27 de abril às 19h. Confira a agenda abaixo:
Agenda 'Açaí, Pérola Negra'
Mostra fotográfica | 11 de abril | 19h |
Documentário | 17 de abril | 19h |
Oficina Educacional sobre documentários | 24 de abril | 15h às 17h |
Joílson Arruda e Saulo de Sousa, os produtores do documentário, constroem uma narrativa sobre o universo, cada vez mais escasso, dos catadores de açaí na sua forma artesanal. Em entrevista à rádio CBN Porto Velho, o produtor destaca o trabalho do personagem Silvinho, que faz a extração da fruta.
"O trabalho que o seu Silvinho desenvolve, é um trabalho muito artesanal e de muito conhecimento ancestral em que ele aprendeu com o pai dele, e o filho aprendeu com ele. É um trabalho que é preciso acordar cedo, quase todos os dias ir para a mata para colher o açaí, debulhar, tirar a fruta dos cachos de açaí, ensacar e depois voltar. Mas não é um trabalho tão simples", destaca Joílson.
Documentário 'Açaí, Pérola Negra' foi gravado em Guajará-mirim, Rondônia — Foto: Joilson Arruda / arquivo pessoal
O projeto utiliza a linguagem da fotografia e o vídeo retrata as narrativas e transita entre memória e patrimônio cultural sobre uma prática que tem nome, cor e sabor: o açaí. Joílson, preocupado, relata que a forma artesanal da colheita do açaí está sob forte ameaça e pode chegar ao fim.
"Ao tratar da colheita do açaí da forma antiga, estamos indo um pouco além de uma história individual específica, a gente está falando de vidas da Amazônia, que é de um conhecimento ancestral ligada a floresta. Essa pessoa não perceba que essa pessoa não possui propriedade e o fruto com que ele trabalha se encontra na floresta. A vida e o trabalho do seu Silvino está totalmente conectado com a floresta, portanto, se a floresta deixar de existir, esse conhecimento também deixaria de existir, esse traço da nossa cultura deixaria de existir".
Documentário 'Açaí, Pérola Negra' foi gravado em Guajará-mirim, Rondônia — Foto: Joilson Arruda / arquivo pessoal
O documentário, de acordo com o produtor, tem o objetivo de gerar um olhar de reflexão sobre as centenárias práticas de relação entre o homem e a floresta, e também difundir informações - fora dos limites do estado - sobre um produto brasileiro que é consumido internacionalmente.
"Ao tratar a história do seu Silvinho estamos contando a história de centenas de outras pessoas que estão vivendo dessa forma mostrando um pouco da adversidade da Amazônia. Por que quando se pensa em Amazônia lembra-se a biodiversidade da flora, fauna. Muitas das vezes quando se pensa nas pessoas que vivem na Amazônia se lembra muito dos indígenas, mas há muito mais que isso há os extrativistas como seu Silvinho, também os que fazem a coleta da castanha, os pescadores, seringueiros, enfim, há uma biodiversidade na vida na Amazônia também que muita gente desconhece", pontua.
Documentário 'Açaí, Pérola Negra' foi gravado em Guajará-mirim, Rondônia — Foto: Joilson Arruda /arquivo pessoal