23/03/2024 às 20h43min - Atualizada em 23/03/2024 às 20h43min

Quase 1.900 estupros contra crianças e adolescentes foram registrados na Amazônia em apenas um ano

Gazeta Rondônia

O tema assusta e a tragédia se amplia, cada vez que surge um novo estudo sobre ele. Agora, um instituto de análise da Amazônia descobriu outro dado arrasador sobre a violência contra as mulheres, em nossa região.

De cada dez vítimas, sete delas têm 14 anos ou menos. Ou seja, é nessa faixa etária, envolvendo crianças que recém estão entrando na adolescência, em que se registram mais casos de assassinatos e de violência sexual, comparando-se com outras regiões do país. Envolvem também essa truculência os conflitos agrários, os casos ocorridos em áreas indígenas e, ainda, quando elas são vítimas de facções criminosas, que dominam diferentes áreas dentro da Amazônia Legal, aliás, como já o fazem em outros Estados.

 
O relatório abrange os últimos cinco anos e comprova a suspeita: pouco mais que crianças são as maiores vítimas de vários tipos de crimes que se abatem sobre as mulheres amazônidas.
 
Para se ter ideia, os homicídios contra mulheres no Brasil caíram apenas dois por cento, enquanto no restante do país este número bateu nos 12 por cento. A violência física contra elas, nos Estados da nossa região, cresceu 37 por cento desde 2019, incluindo-se aí números assustadores de homicídios.

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O caso da Ilha de Marajó é sintomático. Apesar de inúmeras denúncias de que crianças estão sendo cooptadas para o sexo, sequestradas para exploração sexual e brutalizadas, na Assembleia Legislativa daquele Estado, com 41 deputados, apenas nove aprovaram uma CPI para investigar se tudo é real ou não.
 
Em muitas áreas da Amazônia, o assunto está sendo tratado como se não fossem vidas humanas, de crianças e adolescentes em jogo. Os números de vítimas femininas (mas também há casos de meninos), apontaram, em 2022, para nada menos do que 1.855 casos notificações. Sabe-se, pelo histórico deste tipo de denúncia, que isso é apenas a ponta do iceberg.
 
Muitos ataques não são notificados, por uma série de razões, incluindo-se o temor da vítima ou alguém de sua família serem mortos, caso comentem o assunto. O estudo aponta que, do total de casos, quase 94 por cento são ataques sexuais contra meninas. Neste pacote de tristezas e horrores que nossas crianças sofrem, há ainda um aditivo de arrepiar.
 
A maioria dos casos de abuso infantil acontecem em residências e praticado por familiares (pais, mães, padrastos, madrastas e irmãos). O que surpreende também é a tentativa de se esconder estes crimes ou de não investigar se há realmente tráfico de crianças, sequestros para fins sexuais e outras denúncias. Marajó é apenas um exemplo. Tentar jogar esse câncer social para baixo do tapete, certamente, jamais será remédio para a cura. Lamentável!
 
Fonte: Sérgio Pires.


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